quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Vazio


Hoje acordei abafada, como se me faltasse o ar. Me olhei no espelho, e não gostei do que vi. Vi uma mulher cansada, com os olhos entristecidos como se tivesse perdido todos os sonhos e anseios, e a impressão que tive, é que o espelho não mostrava somente o meu físico, mas também minha alma.
Hoje não quero fazer nada, e nem falar nada. Não quero me olhar e nem ser vista, sinto como se estivesse alheia a tudo e a todos. Hoje nada me surpreende, nada me comove, nada me deixa triste ou feliz. Hoje estou no meio do nada...sou o tudo e o nada.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Os Cantos de Maldoror - Canto Segundo

"Agarro a pena que vai construir o segundo canto... instrumento arranacado às asas de alguma águia real vermelha! Mas... o que têm meus dedos? As articulações permanecem paralisadas, desde que comecei meu trabalho. No entanto, preciso escrever...É impossível! Pois bem! Repito que preciso escrever meu pensamento; tenho o direito, como qualquer outro, de submeter-me a essa lei natural...Mas não, não, a pena permanece inerte!...Veja, vejam só, através dos campos, o relâmpago que brilha ao longe. A tempestade percorre o espaço. Chove...Chove sempre...Como chove!...O relâmpago explodiu...Abateu-se sobre minha janela entreaberta, e estendeu-me no assoalho, atingindo a testa. Por que esta tempestade, e por que a paralisia dos meus dedos?Será um aviso do alto para me impedir de escrever, e para pensar melhor nisso a que me exponho, ao destilar a baba da minha boca quadrada? Mas essa tempestade não me atemorizou. Que me importaria uma legião de tempestades! Esses agentes da polícia celeste cumprem com zelo seu penoso dever, a julgar sumariamente por minha testa ferida. Nada tenho a agradecer ao Todo Poderoso, por sua notável destreza; ele enviou um raio de modo a cortar precisamente meu rosto em dois, desde a testa, lugar onde a ferida foi mais perigosa: que um outro o felícite!"

Os Cantos de Maldoror - Lautréamont (Isidore Ducasse)


sábado, 26 de dezembro de 2009


Partiram-me em mil pedaços, e agora tento juntar os cacos que se espalharam por todos os lados...
Lidiana

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

No momento é o que consigo dizer...


Never is a promise
Fiona Apple


Never Is A Promise




You'll never see the courage I knowVocê nunca verá a coragem que eu conheço
It's color's richness won't appear within your view A riqueza das cores dela não aparecerá dentro de sua visão
I'll never glow the way that you glow Eu nunca brilharei do jeito que você brilha
Your presence dominates the judgements made on you Sua presença predomina sobre os julgamentos feitos em você


But as the scenery grows, I see in different lightsMas enquanto o cenário cresce, eu vejo em luzes diferentes.
The shades and shadows undulate in my perception As penumbras e as sombras ondulam na minha percepção
My feelings swell and stretch, I see from greater heights Meus sentimentos se esticam e se alargam, eu vejo de alturas maiores.
I understand what I am still too proud to mention to you Eu entendo que eu ainda sou muito orgulhosa para mencionar - a você


You'll say you understand, but you don't understandVocê dirá que entende, mas não entende
You'll say you'll never give up seeing eye to eye Você dirá que nunca desistirá de olhar olho no olho
But never is a promise, and you can't afford to lie Mas 'nunca' é uma promessa e você não dispõe de meios para mentir


You'll never touch these things that I holdVocê nunca tocará estas coisas que eu possuo
The skin of my emotions lies beneath my own A pele das minhas emoções se aloja debaixo da minha própria (pele)
You'll never feel the heat of this soul Você nunca sentirá o calor desta alma
My fever burns me deeper than I've ever shown to you Minha febre me queima mais profundamente do que eu jamais tenha mostrado - a você


You'll say: "Don't fear your dreams.", it's easier than it seemsVocê dirá “Não tema seus sonhos, é mais fácil que parece”.
You'll say you'd never let me fall from hopes so high Você dirá que nunca me deixaria cair de esperanças tão altas
But never is a promise, and you can't afford to lie Mas 'nunca' é uma promessa e você não dispõe de meios para mentir


You'll never live this life that I liveVocê nunca viverá esta vida que eu vivo
I'll never live the life that wakes me in the night Eu nunca viverei a vida que me acorda de madrugada
You'll never hear the message I give Você nunca ouvirá a mensagem que eu mando
You'll say it looks as though I might give up this fight Você dirá que parece tão ruim como se eu estivesse desistindo desta luta


But as the scenery grows, I see in different lightsMas enquanto o cenário cresce, eu vejo em luzes diferentes.
The shades and shadows undulate in my perception As penumbras e as sombras ondulam na minha percepção
My feelings swell and stretch, I see from greater heights Meus sentimentos se esticam e se alargam, eu vejo de alturas maiores.
I realize what I am now too smart to mention to you Eu percebo que eu sou agora muito esperta para mencionar - a você


You'll say you understand - you'll never understandVocê dirá que entende, mas nunca entenderá.
I'll say I'll never wake up knowing how or why Eu direi que nunca acordarei sabendo como ou por quê
I don't know what to believe in - you don't know who I am Eu não sei em que acreditar, você não sabe quem eu sou.
You'll say I'll need appeasing when I start to cry Você dirá que eu preciso de apaziguamento quando começo a chorar
But never is a promise, and I'll never need a lie Mas 'nunca' é uma promessa e eu nunca precisarei de uma mentira.



quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Soul Parsifal


(...) Tenho anis
Tenho hortelã
Tenho um cesto de flores
Eu tenho um jardim e uma canção
Vivo feliz, tenho amor
Eu tenho um desejo e um coração
Tenho coragem e sei quem eu sou

Eu tenho um segredo e uma oração
Vê que a minha força é quase santa
Como foi santo o meu penar
Pecado é provocar desejo
E depois renunciar

Estive cansado
Meu orgulho me deixou cansado
Meu egoísmo me deixou cansado
Minha vaidade me deixou cansado
Não falo pelos outros
Só falo por mim
Ninguém vai me dizer o que sentir

Tenho jasmim tenho hortelã
Eu tenho um anjo, eu tenho uma irmã
Com a saudade teci uma prece
E preparei erva-cidreira no café da manhã
Ninguém vai me dizer o que sentir
E eu vou cantar uma canção p'rá mim

Trecho de Soul Parsifal, música da Legião Urbana. Composição: Renato Russo/Marisa Monte

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Versos de Orgulho


O mundo quer-me mal porque ninguém Tem asas como eu tenho ! Porque Deus Me fez nascer Princesa entre plebeus Numa torre de orgulho e de desdém.

Porque o meu Reino fica para além ...
Porque trago no olhar os vastos céus E os oiros e clarões são todos meus ! Porque eu sou Eu e porque Eu sou Alguém !

O mundo ? O que é o mundo, ó meu Amor ? __O jardim dos meus versos todo em flor ... A seara dos teus beijos, pão bendito ...

Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços ... __São os teus braços dentro dos meus braços, Via Láctea fechando o Infinito.

Florbela Espanca

domingo, 6 de dezembro de 2009

Fugindo um pouco dos paradigmas

Tenho postado aqui músicas com as quais me identifico, que expressam exatamente o que eu penso, e algumas passagens de livros e poesias que possuem alguma relevância para mim.
Fugindo um pouco da proposta do blog, e até mesmo do meu próprio gosto musical, pois quem me conhece sabe que não aprecio muito as "músicas da moda", gostaria de postar uma música de uma cantora que considero como uma das mais promissoras da atualidade. Trata-se de Lady Gaga, creio que não preciso dizer muito, pois todos a conhecem pela sua excentricidade, e penso que com isto o seu talento acaba ficando meio esquecido, pois Lady Gaga além de cantora, é pianista e compositora.
Penso que mesmo em sua excentricidade, ela exala arte, e como este blog também fala de arte, achei que seria conveniente postar aqui um clipe que considero ser um dos mais belos que já vi, por todos os efeitos, pela criatividade, e principalmente pela expressividade, sensualidade e insanidade.

sábado, 5 de dezembro de 2009

É hora de refletir...


Após alguns períodos altos e baixos, (mais baixos que altos, é bem verdade), penso ser agora o momento de refletir sobre meus atos, e hora de avaliar meus erros e acertos. Mais acertos que erros para ser sincera, pois eles também devem ser analisados, pois é justamente nos acertos, que acabamos por acomodar a uma determinada situação, limitando-nos a uma condição que supostamente consideramos estar em "ordem". E é justamente esta "ordem" que me incomoda, sei que errei nos meus relacionamentos, e não quero cometê-los novamente. E é por este motivo que considero que o momento agora seja cuidar do meu coração e da minha alma. Preciso estar inteira para retomar minha vida, tanto pessoal quanto profissional, já estou praticamente finalizando meu curso de pedagogia, e penso que preciso focar nos projetos que idealizei, nos artigos que pensei em fazer para serem publicados. O momento é este. Quanto ao lado pessoal, este se ajeitará com o tempo...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Papai Noel não existe...


Hoje eu chorei durante a aula. Não foi um choro contido como tem sido nos últimos dias, foi um choro compulsivo. Algumas de minhas colegas podem ter pensado que eu só queria atenção, e talvez quisesse, afinal, se eu queria chorar, por que não fui para o banheiro? Se eu estava tão abafada, por que simplesmente não me retirei da sala de aula?
Não costumo prender o choro, ele normalmente vem e não consigo contê-lo, é mais forte que eu. E para mim não foi agradável me expor desta maneira, mas eu recebi muitas palavras de afeto, abraços e carinhos de minhas companheiras, e isto me fez bem. Então, talvez eu tivesse mesmo que chorar naquele lugar, e naquele momento.
Descobri que tentaram fazer com que eu acreditasse em um mundo perfeito, e este mundo obviamente não existe. Foi muito difícil saber que "Papai Noel não existe", no entanto, um estranho sentimento de libertação e alívio tomou conta do meu ser. O choro foi um misto de decepção e alegria. Eu me assustei com o que foi dito, mas senti que começo a sair da caverna (aquela mencionada por Platão), e isto caro leitores é assustador sim, pois vários questionamentos nos passam pela mente tais como: "e agora, o que fazer?"
Também me fiz alguns questionamentos sobre minha própria pessoa. Será que demonstro tanta fragilidade, a ponto das pessoas deduzirem que não suportarei a verdade? Será que ainda transmito a imagem de princesinha encastelada?
Ainda não tenho respostas para estas perguntas, mas acredito já ser um bom começo para o meu amadurecimento.
Por hoje é só. Minha cabeça dói...