terça-feira, 13 de abril de 2010

Breve reflexão sobre meus 30 anos...


Hoje completo 30 anos de vida. Como é estranho afirmar que já tenho 30 anos! Para alguns pode parecer bobagem, mas isto tem mexido com a minha cabeça, minhas emoções. É uma sensação estranha, acho que nem mesmo na adolescência (fase conhecida pela rebeldia e erupções de sentimentos), me senti assim. E a verdade é que o tempo é mais cruel com as mulheres, talvez este seja o motivo de minha insegurança, meu medo de envelhecer.
Ocorre que ao mesmo tempo em que me sinto nova para algumas coisas, sinto-me velha para outras. Quando era mais jovem, acreditava que aos 30 anos já estaria com a minha profissão definida, casada e com filhos! Hoje penso seriamente se quero ter filhos, e a faculdade ainda não terminei...
Continuo com o meu humor mutante, só que agora muito mais acentuado, pois não me contento com qualquer coisa, e não é meia dúzia de palavras que vai me ganhar ou me fazer mudar de ideia. Isto é uma coisa positiva, sentir-se segura com as próprias ideias e com aquilo que deseja, é sinal de maturidade.
Sou uma mulher adulta, e preciso agir assim. O mundo cobra isso. Mas a verdade é que não me sinto preparada para agir como tal, embora me desagrade ser chamada de "menina" e ser tratada como uma.
Algumas coisas mudam para melhor quando se faz 30 anos. Aprendi a me vestir melhor, a valorizar meus pontos fortes, meu gosto musical e cinematográfico ficou mais apurado, e aprendi a me fazer respeitar não por atributos físicos, mas pelo o que sou de verdade, pela minha inteligência, pelo jeito de ser e encarar a vida.
Também me tornei mais forte. Sinto que sou uma lutadora, luto pela minha profissão, luto para ter minha liberdade, luto contra mim mesma...
Amigos leitores sei que este texto esta cheio de contradições. Mas esta sou eu. Sou uma mulher contraditória, por vezes doce, por vezes geniosa, conformista, revolucionária! Uma borboleta inconstante que quer ser autosuficiente, mas também quer ser protegida.

"(...) uma forma nebulosa feita de luz e sombra. Como uma estrela. Agora eu sou uma estrela."
(Trecho extraído do disco "O trem azul" de Elis Regina)

sábado, 10 de abril de 2010

Cala-te! Será melhor para você...


Mandaram-me calar. Silenciaram minha voz que teimava em dizer aquilo que eu considerava justo. Sim eu sei que isto é uma questão subjetiva, o que parece justo e correto para mim, pode não ser para o outro, e é assim que tudo funciona. Mas agora eu pergunto aos leitores: se penso diferente dos demais, sou obrigada a me calar?
Vocês ficarão surpresos quando souberem que tal atitude, (que no meu ponto de vista viola totalmente o direito de ir e vir), ocorreu na faculdade onde estudo. Sim queridos leitores! O lugar onde teoricamente deveria nos educar para a ética, cidadania e tantas outras palavras bonitas que as instituições de ensino superior utilizam e que no fundo não passam de "palavras ao vento".
Ocorre que a faculdade onde estudo impôs que os acadêmicos adquirissem uma carteira de estudante para adentrar na instituição, caso contrário, o acadêmico seria literalmente barrado na portaria.
Pensei que se era de interesse da faculdade manter uma certa organização e segurança, então o justo seria que a própria fornecesse as tais carteirinhas. Afinal, que sentido tem adquirir uma carteirinha de estudante que não tem valor algum aqui na minha cidade? Digo isto pois aqui não temos teatro, cinema, ou algo parecido.
Pois bem, como não concordava com tal atitude, fiz minha reclamação e sugestão na ouvidoria, (afinal ela esta lá para isso, pois não?), preparei um texto muito cauteloso, onde eu expunha toda essa questão, sem deixar de mencionar que considerava ARBITRÁRIA a atitude de impedir que o acadêmico mesmo não possuindo nenhum tipo de pendência, fosse literalmente impedido de entrar na faculdade.
Deixei como sugestão que forncessem cartões de identificação, e caso algum estudante quisesse adquirir a carteirinha, seria de sua responsabilidade. Os cartões serviriam apenas para entrar na faculdade, e pegar livros na biblioteca.
Eis que no dia seguinte tenho a resposta de um dos "chefões" da instituição. Não me recordo o que exatamente estava escrito no texto, mas o que posso afirmar é que ele não ficou nenhum um pouco satisfeito com a minha ousadia, se sentiu afrontado, e não satisfeito em escrever uma resposta, (muito mal criada por sinal), ficou de plantão na portaria, dizendo em alto e bom tom que: "ela, (no caso eu), disse que estávamos agindo com arbitrariedade, como se estivéssemos impedindo alguém de entrar na faculdade, pois se ela quiser chamar o cacete da polícia que chame!"
Os leitores devem estar se perguntando como eu sei que ele estava se referindo a mim, acertei? Pois bem, para a minha surpresa, eu fui a única que reclamou das tais carteirinhas, o restante dos acadêmicos ficaram falando pelos corredores, dentro das salas, mas ninguém foi capaz de ir até a ouvidouria e fazer uma reclamação formal. Todos acataram sem pestanejar a decisão.
Surpresos? Eu também. Mas aqui na minha cidade, e acredito que seja assim no restante do país, somos educados a nunca afrontar quem supostamente ocupa um cargo que esta acima do nosso, mesmo que esta pessoa tenha tomado uma atitude que contraria a maioria. Diante desta afirmativa, fico me perguntando se de fato a ditadura se extinguiu por completo, e se estamos vivendo em uma verdadeira democracia.
Fiquei pensando em tudo, e preocupada por ter utilizado algum termo ofensivo, fui pesquisar na íntegra o significado da palavra "arbitrário". Bem, segundo o Aurélio, um dos significados da palavra seria "despótico". E o que siguinifica despótico? De acordo com o velho e bom Aurélio, "absoluto, tirânico". Não contente, continuei com a minha busca de sinônimos para a palavra arbitrário. A última palavra foi tirânico, que siginifca "que não tolera que a sua vontade seja contraditada." Amigos leitores deixo que vocês respondam se a palavra arbitrário foi utilizada por mim de forma errônea.
Confesso que nunca pensei que uma simples reclamação na ouvidoria, (ato que inclusive é incentivado pela própria instituição de ensino onde estudo), fosse causar tanto dissabor. Sempre defendi a faculdade, gosto de estudar lá, mas isso não siginifica que eu tenha que concordar com tudo o que ela propõe.
O fato de um funcionário que ocupa um alto cargo na faculdade estar na portaria, pode ter vários significados. Estaria ele querendo dizer: "quem é ela para questionar uma atitude adotada por nós?" ou ainda: "é melhor ficar calada, não nos contradiga, será melhor para você". Seria uma forma de me mandar calar?
Pois foi exatamente isso que aconteceu, calei-me. Não por ter mudado de opinião ou algo do gênero, talvez eu tenha sim sentido um pouco de medo, pela surpresa de saber que em pleno século XXI ainda nos mandam calar, mesmo que estajamos brigando da forma correta, como tem que ser.
Não consigo conceber tal ato, e isto para mim ainda não tem nome. Tudo o que sei é que além da revolta, e decepção, senti um enorme desânimo, uma sensação de ter falado demais...
Embora tenha minha consciência tranquila, não sei se um dia conseguirei erguer minha cabeça novamente, ou se terei forças para "brigar" por qualquer coisa que seja. Será que o melhor é seguir a vida de olhos fechados? Como na música "Panis et circences" do Gilberto Gil, onde diz que "as pessoas da sala de jantar estão ocupadas em nascer e morrer", será que terei de me tornar uma dessas pessoas para poder viver e conviver? Eu que sempre tive medo das "pessoas da sala de jantar"...