quarta-feira, 30 de março de 2011

Eu choro


"Chorei porque não era mais uma criança com a fé cega de criança. Chorei porque não podia mais acreditar e adoro acreditar. Chorei porque daqui em diante chorarei menos. Chorei porque perdi a minha dor e ainda não estou acostumada com a ausência dela."

Anais Nin

Chorei porque as vezes não há outra alternativa, e a única coisa que parece aliviar a alma é o ato de chorar. Derramar lágrimas pode ser curativo. E eu choro, choro pelas escolhas erradas, pela incerteza da minha vida, choro por ser quem eu sou, por não poder abrir minhas asas. Choro sem ter vergonha de assumir, sem ter vergonha das minhas lágrimas porque elas são verdadeiras, e no momento, é o que tenho...

domingo, 27 de março de 2011

Caçadora


Com uma luz acesa em um cômodo
Eu sei que você está acordado quando chego em casa.
Com um pequeno passo no degrau,eu sei o seu olhar quando eu chego lá.

Se você fosse um rei lá em cima no seu trono Você seria esperto o suficiente para me deixar ir? Pois essa rainha de quem você pensa ser dono
Quer ser uma caçadora novamente, quer ver o mundo sozinha de novo,
me arriscar mais uma vez na vida.
Então me deixe ir.

O livro não lido e o aspecto doloroso.
A televisão está ligada, o som está baixo.
Uma longa pausa, daí você começa:
"Oh, olhe só o que o gato trouxe".

A coroa que você colocou sobre a minha cabeça está muito pesada agora
E eu não sei o que lhe dizer mas vou sorrir de qualquer maneira
E o tempo todo estou pensando, pensando.

Eu quero ser uma caçadora de novo, quero ver o mundo sozinha de novo, me arriscar mais uma vez na vida.
Então me deixe ir.

Dido

domingo, 20 de março de 2011

Corpo e Alma


"Não foi à toa que Adélia Prado disse que "erótica é a alma". Enganam-se aqueles que pensam que erótico é o corpo. O corpo só é erótico pelos mundos que andam nele. A erótica não caminha segundo as direções da carne. Ela vive nos interstícios das palavras. Não existe amor que resista a um corpo vazio de fantasias. Um corpo vazio de fantasias é um instrumento mudo, do qual não sai melodia alguma. Por isso, Nietzsche disse que só existe uma pergunta a ser feita quando se pretende casar: "continuarei a ter prazer em conversar com esta pessoa daqui a 30 anos?"
Rubem Alves

Este fragmento de Rubem Alves me fez lembrar da história de Sherazade e as Mil e uma noites. A história é sobre um rei chamado Xeriar que a cada noite se casava com uma moça virgem do reino. Após consumado o casamento, Xeriar mandava matar a esposa com quem passara a noite.
Eis que um dia a bela Sherazade se oferece para se casar com o rei, e é claro que todos já sabiam o que acontecia com as moças escolhidas. O pai lhe pede para que não vá, pois não queria perder a filha, mas seu pedido foi em vão, Sherazade estava determinada, e se caso fosse enfretaria seu destino cruel.
O casamento se realiza e na noite de núpcias, quando os corpos já haviam encontrado os prazeres da carne, Sherazade começa a falar, contar histórias. Histórias que nunca tinham sido ouvidas pelo rei, e Xeriar aquele homem rude e implacável fica inebriado com as palavras, entorpecido com a grandeza do espírito da mulher que estava ao seu lado, Sherazade que já era bela, tornou-se ainda mais bela aos olhos do rei. Como não desejar aquela mulher inteligente que lhe oferecia muito mais que uma noite de prazer? Como não amá-la? Ele finalmente havia encontrado a mulher que sempre procurou.
Sherazade não morreu. Viveu com o rei que soube admirá-la e desejar a cada dia mais aquela alma inquieta, errante que não se contentava com uma única existência. O rei se identificou com cada palavra dita por Sherazade, e não apenas por sua beleza física. Afinal, Sherazade era uma mulher incomum. E passaram mil e uma noites sentindo os prazeres do corpo e da alma, afinal, um complementa o outro.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Pássaro Ferido


Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
Quem diz que me entende nunca quis saber
Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha

E Lidiana está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força

Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer
Uma de suas amigas já se foi
Quando mais uma ocorrência policial
Ninguém me entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom-samaritano
Cumprindo o seu dever, como se eu fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente

Nada existe p'rá mim, não tente
Você não sabe e não entende
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Lidiana sabe que a loucura está presente

E sente a essência estranha do que é a morte

Mas esse vazio ela conhece muito bem

De quando em quando é um novo tratamento
Mas o mundo continua sempre o mesmo

O medo de voltar p'rá casa à noite

Os homens que se esfregam nojentos

No caminho de ida e volta da escola

A falta de esperança e o tormento

De saber que nada é justo e pouco é certo

De que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto

A violência e a injustiça que existe

Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Lidiana está trancada no seu quarto

Com seus discos e seus livros, seu cansaço

Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola, e esperam que eu cante como antes.
Eu sou um pássaro, me trancam na gaiola, mas um dia eu consigo resistir
E vou voar pelo caminho mais bonito
Lidiana só tem 31 anos, mas sua alma não tem idade.

Música da Legião Urbana chamada Clarisse, composta por Renato Russo e que exemplefica bem como me sinto e como sou


terça-feira, 15 de março de 2011

...


Estou tentando entender o que esta acontecendo com minha vida. Não encontro a resposta. Onde foram parar meus desejos, meus sonhos, minha ânsia de viver, cadê minha força? Parece que sugaram de mim, ou então talvez eu não seja tão forte quanto apresento. Talvez eu seja meramente uma respresentação patética de alguém que eu gostaria de ser...

segunda-feira, 14 de março de 2011

O escorpião pode não ser tão venenoso assim...


Ainda não li e nem vi o filme "Bruna Surfistinha", mas confesso que depois de algumas críticas me interessou a história, e também me fez recordar toda a polêmica envolvendo Bruna, Samantha Moraes e seu marido (na época) João Correa de Moraes, que abandonou a mulher e as filhas para ficar com Bruna. Lembro-me que quando Samantha foi no Superpop, a maioria das pessoas sentiu pena da mulher traída e Bruna foi execrada em rede nacional. Confesso que também fiquei revoltada, afinal, como pode um homem abandonar a esposa e suas filhas para ficar com uma prostituta??? Pois bem, passados alguns anos comecei a refletir com mais maturidade algumas questões da vida. E cheguei a conclusão de que é muito fácil julgar os outros, apontar o dedo e negar nossas próprias limitações. E não me refiro apenas ao caso "Bruna Surfistinha", pois como sabemos, este não é um caso isolado. Quantas vezes nos vemos julgando e condenando alguém sem ao menos dar-lhe a oportunidade e o direito de defesa? Não estou aqui defendendo ninguém, até porque não sou advogada, mas tento ver a situação com certa imparcialidade. Segundo consta, o rapaz teve 7 (sete) encontros com Bruna, e para os mais desavisados esse teria sido o ÚNICO motivo da separação. Mentes limitadas não conseguem refletir sobre nenhuma situação. Pois agora levanto alguns questionamentos: estaria João sendo verdadeiramente feliz ao lado da esposa? A mulher estaria lhe oferecendo o necessário e suprindo suas carências ( e não me refiro a sexo apenas)? Ora, se um ser humano se sente completo e feliz com seu cônjuge, por que então buscar nos braços de outro(a) aquilo que teoricamente lhe falta? Não posso ser ingênua e dizer que não existem pessoas sem caráter. É claro que elas existem! Mas a grande questão não é o mau caratismo, e sim avaliar a facilidade que as pessoas têm para fazer pré-julgamentos. Então vejamos: seria mais honesto continuar com a esposa e manter os encontros furtivos com Bruna? Como já dito, este caso não é isolado. Mas antes de julgarmos e condenarmos alguém caros leitores, vamos expandir nossas mentes e nossa capacidade de raciocínio. Afinal, ninguém esta isento de cometer erros.

sábado, 12 de março de 2011

Invisível


"Dizem que que ela é invisível
mas pobre são aqueles
que não a conseguem ver
que tem medo de sabe lá Deus o que

Indizível, mais provável
São duas em apenas uma
força e fragilidade
é singela e que poder
dela dizer o que?

Ousar, não tem limites
pensa, deseja, cumpre
Age, não espera, corre,
para aquilo que anseia

Jamais promíscua
sempre caleidoscópica
mas as vezes pássaro ferido,
chora, se apavora, se esconde
fecha as asas e para

Anseio e mais anseio, quer sair
quer voar, se soltar
se libertar
grilhões, há sim

Mas duvido que possam afugentar
o espírito que quer voar
pássaro ferido que como fenix renasce
de cinza em cinza volta ao caleidoscópio
de cores, sentimentos, amores

Viver, voar
se apaixonar
pela vida doída,
se deixar levar

Invisível?
Duvido
Indizível?
Admito
Sem igual!"

Eduardo Ferreira Dias de Souza

sexta-feira, 11 de março de 2011


Hora de voltar para a caixa. Já estou me acostumando com ela, já estou aceitando a ideia de que ninguém poderá me resgatar porque sou um erro. Uma bagunça que ninguém quer arrumar, e como desejei que arrumassem! Ou pelo menos que me ajudassem! Não se pode arrumar ou ajudar o que não se vê. Sinto-me tão invisível, que receio desaparecer de uma vez...

quarta-feira, 9 de março de 2011

Diferente de mim



Não há garantias na vida
Não para o presente
Não para o futuro

Tudo o que eu sei é
Que eu estou aqui
Não sei por quanto tempo

Eu amo o seu jeito
De viver tão intensamente
Aproveita cada minuto da vida
Com espaço para agitar
Seus braços ao redor
Rindo estrondosamente


Ao contrário de mim
Ao contrário de mim
Você acha que eu sou estranha?
Ao contrário de você
Ao contrário de você
Eu não estou fingindo

Não há tempo
Não há tempo
Não há tempo
Tempo não existe de verdade

O passado, o presente
E o futuro
Estão todos juntos


De mãos dadas
Você se move e muda
Ainda que você não vá a lugar nenhum
Tudo permanece igual
Você me encara
E me faz perguntas
Me deixa nervosa
Esse quarto mantém uma cor constante
Enquanto eu sou uma montanha russa

Kate Havnevik


Apenas sigo


Continuo sem saber onde quero chegar, para onde devo ir.
Continuo correndo sem uma direção certa, buscando algo que já não faz mais sentido
Uma direção incerta, caminhos tortuosos
E minha ânsia não acaba, tenho sangue nas veias que necessita de movimento, assim como meu corpo.