quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Seguindo o caminho


Hanna estava cansada. O sonho que teve foi como um aviso para ela: "olhe! Veja a sua vida, até quando andará em círculo?" Era esta a única interpretação que conseguia fazer, e as lembranças vinham à sua mente constamente, como uma visita indesejada. Ela não queria recordar, não queria ver no que tinha se transformado sua vida, mas era inútil.
Hanna tentou se encontrar, no entanto, ficou mais perdida. Escondida atrás do discurso "mulher merece sentir prazer, se os homens podem, nós também podemos", entrou e saiu de relacionamentos instáveis, ia para cama para não sentir a rejeição, mas o abandono vinha de um jeito ou de outro.
Percebeu então que o sexo havia se tornado uma compulsão, olhava para os braços marcados pelos cortes, era também uma compulsão, sua obsessão por emagrecer, absolutamente tudo havia se tornado uma fuga momentânea, porque nada disso tirava aquele vazio que sentia. Hanna era doente, sua personalidade estava doente.
No dia seguinte após o sonho, teve uma conversa com Lucy:
_Lucy, vou voltar para meu apartamento.
_Mas, por que!?! - indagou Lucy surpresa e ao mesmo tempo indignada.
_ O problema não é você, não me olhe assim. Sou eu! Não aguento mais essa vida, não é isso que quero para mim, entende? Não a critico, é só que estou doente e preciso juntar o que sobrou de mim.
_Acho que você esta exagerando, Hanna o que seria da nossa vida se não fossem essas loucuras? Me diga!
_Lucy, o que posso dizer é que algumas pessoas conseguem lidar bem com isso, outras não. E eu faço parte do time das pessoas que não consegue. Me perdi de mim mesma, e agora tenho que me encontrar. Estou cansada de ser tratada como vômito em saco de lixo! Não quero as metades, quero o inteiro.
_Pelo amor de Deus! Você é sensível demais!
_Talvez eu seja mesmo. Mas olhe o que você chama de sensibilidade! Olhe meus braços! E essa necessidade estúpida de achar que se eu abrir as pernas para o primeiro, ele não vai me abandonar, vai segurar minha mão e dizer que tudo ficará bem.
_Você sempre soube que isso não acontece, não sei porque esta reclamando.
_Olhe, não vou discutir isso. Apenas estou cansada dessa vida desregrada, sexo, drogas, bebida, nada disso me preencheu. Será que você pode ao menos respeitar?
_Tá bem senhorita certinha. Mas vou sentir sua falta, isso você pode respeitar também, não é?
_Também sentirei saudades, sua doida!
As duas se abraçaram por um longo tempo, e Hanna foi arrumar suas coisas. Quando estava tudo pronto, apenas disse a Lucy que viria visitá-la. E Lucy desejou boa sorte com lágrimas nos olhos.
_Não chore minha amiga. Estou fazendo o que no momento considero o melhor, e se eu tiver de me perder de novo, que seja.
Saiu e não olhou para trás. Quando chegou na portaria do prédio, Hanna se perguntou se realmente estava fazendo a coisa certa, mas mesmo com a dúvida, continuou andando, de volta ao lugar que nunca deveria ter saído.

sábado, 27 de agosto de 2011

Menina Grande


Hanna minha menina
Por que esta fazendo isso com você?
Não percebe que existe aí dentro um paraíso repleto de cores?
E que não deve ser violado?


Minha menina me dê tua mão
Venha comigo
Cuidarei de você
Sei que agora se sente frágil, mas estou aqui

Teu sofrimento agora é meu também
Sentes a rejeição daqueles que não a mereciam

E choras por isto
Acreditas nas palavras duras que lhe disseram

Fizeram-na sentir o frio
A dor
O medo
A solidão

Estou aqui para lhe proteger
Porque sei que é somente isto que queres
Não carregues sozinha o fardo que colocaram em teus ombros
Venha! Lhe ajudarei!


Cuidarei de tuas feridas e estancarei teu sangue
Acreditas em mim? Não te abandonarei menina
Por isto, não tenhas medo

Trouxe-lhe flores e o sol mais luminoso
Só para que esqueças
Tens minhas mãos que afagam teus cabelos
Minha canção para embalar teu sono

E tens meu coração
Só para que esqueças