sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A Libertação

Era só confusão. Era mais do que poderia aguentar. O sofrimento de Hanna agora consumia também seu corpo, e em sua mente já fizera tudo para ser feito. Não havia melhora, implorou para que a psiquiatra a internasse, mas foi em vão e os pais não sabiam o que estava acontecendo, tinha medo de contar.
Era uma manhã de quinta-feira e naquele dia Hanna não foi à aula. Preferiu andar pelas ruas com seus devaneios, no entanto, quando colocou os pés para fora do prédio, sua visão ficou turva, o sol a incomodava e nem mesmo todo aquele movimento a fazia se sentir melhor. Estava deprimida, o fracasso tomou conta da sua existência e não conseguia mais ver razão para nada, ela já não existia.
Não tem ideia de quanto tempo andou, mas de repente se deparou com algumas flores que lhe chamaram a atenção. Não tinha muito dinheiro, e mesmo assim, pediu meia dúzia de pequenas flores coloridas e delicadas.
Hanna sentiu o perfume e pensou consigo que talvez seu problema estivesse aí: sempre procurando prazeres difíceis e por vezes dolorosos, e foi então que chegou a conclusão que não precisaria lutar tanto para estar bem, já que um singelo ramo de flores tornaram seu coração mais calmo.
Ficou observando o ramalhete enquanto caminhava, e de repente, foi atingida por um carro que a fez bater a cabeça na vidraça de uma loja. Hanna caiu e só conseguiu ver as pequenas flores no alto já esmigalhadas, o que para ela era um verdadeiro jardim. Um jardim no céu! Aos poucos, as flores foram caindo lentamente sobre seu corpo, e as pessoas foram se aproximando.
Pediram ajuda, mas já era tarde. Hanna agora era um corpo estendido no chão coberto por flores de todas as cores. Ninguém sabia quem era aquela mulher, de onde vinha e porque na hora de sua morte, encontrava-se tão bonita.
Hanna nunca esteve tão linda.

Agradecimentos da autora: obrigada a todos que acompanharam o pensamentos insanos e a saga de Hanna. Sei que a história esta meio desconectada, mas assim foi sua vida, assim é a vida de milhares de meninas que saem de suas casas para estudar ou trabalhar.
Aos leitores o meu mais sincero respeito e gratidão.