Hanna era uma jovem de 22 anos quando saiu de casa para cursar a faculdade. Sempre foi uma menina de origem simples, criada sob fortes padrões convencionais, o que nunca a impediu de ter um mundo interior rico e repleto de desejos que ela jamais ousaria contar a ninguém. Se sentia sozinha, desde muito jovem, sentia-se como se não pertencesse àquele lugar, uma sensação de querer viver a todo custo, mas ao mesmo tempo o medo a impedia. Quando tinha 3 anos foi molestada pela prima. É claro que só conseguiu entender o que havia acontecido anos mais tarde durante sua terapia. Hanna começou a fazer terapia aos 19 anos sem saber porque fazia, mas ela não estava muito interessada, o que importava é que ela se sentia bem conversando com uma estranha, aliás, foi esta estranha quem a encorajou a fazer o vestibular. Talvez fosse a única pessoa que acreditava de fato no seu potencial. E assim o fez. E conseguiu passar logo na primeira tentativa! Foi embora deixando sua família, e se mudou para uma cidade maior, morando em uma república. Hanna estava fascinada com a cidade e a faculdade, mas sobretudo com o sentimento de indepêndencia, uma sensação de liberdade que nunca tinha experimentado. Seu desejo por uma vida diferente foi aumentando e não tardou para que Hanna optasse por morar sozinha. E foi o que fez. Ah que felicidade! Total liberdade e privacidade, podia sair e voltar o dia que quisesse sem ter que dar explicações a ninguém. Nunca pensou em viver de tal maneira. Tudo era um sonho e ela não queria mais acordar! Só queria viver! Frequentava todas as festas que podia e não demorou para começar a beber, afinal, ela queria se enturmar, e se todos faziam, por que ela não poderia? Foram vários os porres, as festas, as bebidas que nunca pensou em experimentar. No entanto, com o tempo, tudo foi perdendo o sentido e Hanna começou a sentir uma solidão tão grande que era como se estivesse abandonada no mundo. Apesar de todas essas loucuras e da vida boêmia, Hanna ainda era uma menina que sonhava em encontrar seu princípe, e todas essas fugas, no fundo tinham o intuito de conhecer o amor, de saber como era se sentir amada e desejada. Essa busca incansável, fez com que ela conhecesse um homem totalmente incomum, músico, boêmio, perdido em seus devaneios, volúvel, fraco. Mas para ela não importava, ela achava que o amor podia transformar tudo e perdoar também. Mal sabia ela que as pessoas só mudam quando sentem verdadeira necessidade... Pois bem, este homem mostrou um lado obscuro da vida para Hanna. Era uma relação regada à bebidas, drogas e sexo. Ela não se importava. Quando fazia amor com "seu homem" a única coisa que pensava era: "não existe nada melhor" Se existe um adjetivo que possa clasisificar essa relação, seria: inconstância. O princípe que ela pensou ter encontrado e que a resgartaria de sua solidão, não a amava. O que ele que ele queria de fato era um teto para dormir, e alguém que lhe oferecesse sexo bom. Hanna insistia porque o amava e acreditava que poderia mudá-lo, fazer com que ele fosse gentil, romântico, que mudasse suas roupas e tivesse enfim o seu amor. Certa noite, seu namorado levou alguns conhecidos e bebidas para seu apartamento. Hanna pensou ser mais uma farra entre amigos. Oferecelharam bebida: vodka, cerveja, absinto, fumou maconha, e de repente foi tomada por uma espécie de transe. Como se nada fosse real, e seu copo já não fizesse mais parte dela. O namorado a levou para o quarto e começou a despí-la. A porta estava aberta e ela enxergava com uma visão turva que os outros estavam na sala, mas apesar do entorpecimento, ela sentia que estava sendo observada. Começaram a fazer sexo. Hanna estava meio morta e as vezes pronunciava "pare"! Mas não tinha forças, não conseguia. apesar da penumbra, conseguia ver os "amigos" fascinados com a cena. No dia seguinte, ela conseguiu bloquear o que tinha acontecido, e só conseguia pensar naquele mal estar, toda aquela ressaca, mas isso não a impediu de notar a indiferença do amado. A casa estava vazia, não sabia direito o que tinha acontecido, e não entendia tamanha indiferença. Insistindo por algum esclarecimento, Hanna foi jogada violentamente no chão com a seguinte frase: "me deixe em paz" Os dias se passaram, e ela parecia inerte, mas sempre esperando alguma notícia. Nada. Nenhum telefonema, mensagem, ou algo que pudesse explicar o que havia acontecido. Depois de muito pensar, chegou à conclusão de que havia sido estuprada. Embebedada e estuprada pelo homem que julgava amar. Naquele momento nada mais importava, se entregava nos braços do primeiro que encontrava, e foi em um desses encontros, que ela conheceu outro homem. Uma pessoa que a faria esquecer temporariamente tudo o que viveu. Foram meses maravilhosos. Presentes, idas ao cabelereiro, e o melhor, redescobriu o prazer com alguém que a amava. Com o tempo esse amor tornou-se possessão. Ciúme completamente sem propósito porque Hanna novamente vivia por um relacionamento. Até que um dia, em meio a uma discussão foi esbofeteada. E todo aquele sentimento de inércia veio à tona... Deste dia em diante só abria a boca para concordar. Não queria contrariá-lo, nem mesmo no sexo. Em uma dessas relações seu namorado a pegou por trás, ela nunca tinha sentindo tanta dor! E só conseguia pedir que em nome de Deus parasse com aquilo! Mas ele não parava, dizia que ela o pertencia. Pronto! Sua vida desmoronou. Daí em diante foi um mergulho profundo na depressão, tentativas vãs de suicídio. Seus sonhos tinham sido desmoronados violentamente. Não teve outra alternativa a não ser voltar para sua cidade, se culpando, e sem motivos para continuar... Foram anos de terapia, medicamentos, mutilações. Até que ela finalmente conseguiu dar a volta por cima. Mas ainda se pergunta se vale à pena sonhar...