sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sobre a liberdade que ainda não tenho...


Me sinto uma prisioneira. Prisioneira não só das coisas e pessoas que me cercam, mas sobretudo prisioneira de mim mesma. O que é afinal de contas esse contraste excêntrico entre a mulher que é segura, destemida, e a menina que precisa a todo momento de carinho e atenção? Por que não posso ser apenas uma delas?
É com este contraste que vou seguindo minha vida, alimentando meus próprios fantasmas, mas também combatendo-os, lutando contra mim mesma, contra a escravidão que existe dentro de mim e que me mantém cativa de uma espera eterna.
E o que seria esta espera? Espera por amor, pela tão sonhada "estabilidade profissional", ou talvez a espera de um filho que um dia desejei ter, e que devido aos acontecimentos da vida, eu mesma assinei um termo alegando "incompetência maternal". Motivo: egoísmo e insconstância acima da média.
Quando terei minha carta de alforria? Quando poderei me ver livre de tudo isso, e de toda essa bagunça interna que assusta a mim, e aos outros? Neste exato momento só consigo me lembrar de um trecho de uma poesia chamada "Tragédia no Lar", de Castro Alves: o poeta abolicionista! O poeta que sonhou com a liberdade de um povo, e que me faz sonhar com a minha liberdade também.

" [...]Eu sou como a garça triste
Que mora à beira do rio,
As orvalhadas da noite
Me fazem tremer de frio.


Me fazem tremer de frio
Como os juncos da lagoa;
Feliz da araponga errante
Que é livre, que livre voa.


Que é livre, que livre voa
Para as bandas do seu ninho,
E nas braúnas à tarde
Canta longe do caminho[...]"

3 comentários:

Elber Corrêa disse...

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Me fez lembrar Pessoa, em trecho de Liberdade... =)

Beijo enorme.

Hanna disse...

Seus comentários são sempre um presente para mim Tico. Você é uma pessoa que tenho em altíssima conta, você sabe...
Beijo enorme! Saudades de você!

CAMPOS FORTE disse...

Saudades. A liberdade é um tesouro mas quando se tem o coração escuro pela solidão, ela é como uma garça com as asas cortadas, livre para rastejar pelo mundo, mas sem nunca poder ganhar os céus.