sábado, 30 de outubro de 2010

Tão diferente e tão igual ao mesmo tempo...


Eu não fazia ideia de como algumas pessoas têm uma imagem equivocada ao meu respeito. Mas também fiquei me perguntando se isso não seria por minha culpa, já que por vezes gosto de coisas que a maioria descarta, sempre procuro ter respostas para tudo, e por ter algumas opiniões não muito convencionais.
Essas opiniões podem ser ditas aqui sem o menor receio. Sou a favor do aborto, do casamento gay, da legalização da maconha, da adoção de crianças por casais gays e tantos outros assuntos polêmicos que à primeira vista, podem parecer que são apenas para chamar a atenção, mas não são. Não pretendo entrar no mérito de cada uma dessas questões, isso provavelmente ficará para um post posterior.
O fato é que eu sempre fiz questão de me diferenciar das demais mulheres. Nunca liguei para roupas e sapatos de grifes, sempre gostei de ler, de ouvir músicas de qualidade, cinema, enfim, de artes em geral. Repudio certos modismos, bandas de rock que insistem em ser coloridas, quando na verdade o rock é preto... filminhos mal feitos contando histórias de vampiros adolescentes, e que fazem sucesso apenas por possuírem um marketing muito bom.
Ocorre que sempre procurei ter "algo a mais" para oferecer, mais que um rostinho bonito, e uma boquinha que só abre para dizer "sim" e "não". Sei que tenho personalidade e gênio fortes, e isso por vezes me atrapalha, visto que em algumas ocasiões sou rotulada de "esnobe", "metida", "intelectual".
Sei que não sou intelectual. Tenho plena consciência de que ainda tenho muito o que aprender, e talvez isso também me difere das outras pessoas, essa minha "fome" por saber, conhecer, é algo inesgotável, insaciável.
Independente desta busca pelo saber, sou uma mulher que chora como todas as outras, que tem TPM, que se sente insegura consigo mesma, afinal, que tem seus momentos de fraqueza, sou vaidosa, gosto de arrumar as unhas, de estar com o cabelo impecável, e acima de tudo: estar magra! Não sou nem nunca tive a intenção de ser vista como uma divindade inatingível, alguém que deve ser venerado e reverenciado.
Sou um ser humano como qualquer um. Quero tomar banho de chuva, assistir comédias românticas e chorar se for o caso, sem o menor constrangimento de estar sendo ridícula.
O que eu quero ainda não tem nome. Sou uma alma inconstante que viaja nos extremos, vagueia entre emoções diversas e quando me sinto cansada, me finjo de morta. Simples assim...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Não sei...


Agora estou me perguntando se não sou mesmo a menina que foi humilhada na infância por causa do peso. Ela teima em aparecer, e em momentos assim não sei o que fazer comigo mesma, tento fazer com que ela desapareça, mas as vezes ela esta lá no espelho, quando me olho, quando olho para o meu corpo e vejo que preciso emagrecer mais.
Há dias em que me sinto tão segura com minha imagem, já em outros, sinto que ainda tenho 9 anos de idade, e aquele pensamento derrotista que me acompanhou por décadas, insiste em aparecer.
Todos já dizem que estou magra demais. E por que não me sinto assim? Por que insisto em acreditar que não emagreci absolutamente nada, e mais ainda: por que tento me fazer de forte, quando na verdade ainda sinto os efeitos daquelas humilhações vivenciadas no passado?
Não sei as respostas. Pensei ter encontrado, mas eu estava enganada.
Eu sou uma bagunça, um paradoxo entre a realidade e insanidade. E para onde devo seguir?

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Depois do caos...


Bem, já estou na reta final da minha monografia. Só Deus sabe como tem sido difícil para mim escrevê-la, mas não no sentido que todos imaginam. A maioria concebe a monografia como algo totalmente impossível de ser realizado, cheguei a ouvir de algumas colegas: "vou desistir do curso, não consigo fazer isso."
A dificuldade que encontrei não foi a de redigir ou fazer a pesquisa de campo. É claro que dificuldades nesse sentido sempre encontramos, afinal, escrever é doloroso, e a pesquisa de campo é algo que não depende exclusivamente de nós, contamos com outras pessoas, e infelizmente essas pessoas não se encontram disponíveis para nos ajudar ou simplesmente não querem.
Então qual é o problema? Ocorre que escolhi um tema (Bullying), que é bastante controverso, gera polêmica e mexe com feridas pessoais, (vide texto: "Bullying: violência velada"), sendo assim, foi muito penoso remexer tais feridas, ou melhor dizendo "exorcisá-las".
E ontem depois de ter terminado o segundo capítulo, me sentia feliz, quase eufórica. Eu tinha certeza de que tinha cumprido meu papel, e de que o capítulo tinha ficado realmente muito bom, e é claro que isso me deixou imensamente feliz, mas ao entregá-lo a minha orientadora, fui indagada por ela sobre a lição que aprendi com esta pesquisa. Não tive resposta. Disse coisas evasivas e aparentemente sem sentindo como: "ah as escolas não estão preparadas para lidarem com essa situação, né? Por mais que o tema esteja sendo divulgado, ainda existem pessoas que desconhecem o assunto, minhas hipóteses foram confirmadas, não é?" Ela me olhou de um jeito, como se não fosse exatamente essa a resposta que ela esperava, e saí de sua sala me perguntando se tinha falado alguma besteira.
Hoje ao acordar, percebi que realmente tinha falado uma besteira. Ela não queria saber se minhas hipóteses haviam sido confirmadas ou refutadas. Ela queria saber sobre o meu aprendizado pessoal, e eu não soube responder porque simplesmente não sabia o que dizer.
E enquanto "ensaiava" para me levantar da cama, fiquei refletindo sobre a pergunta da minha orientadora, e como se fosse um insight, pude perceber o que ela queria e o que eu deveria ter respondido.
Meu estudo me proporcionou um conhecimento muito maior que o acadêmico. Ele me proporcionou não só afastar os fantasmas que me afligiam como também me conhecer um pouco melhor.
Hoje, sei que não sou mais aquela menina gordinha que foi humilhada na escola, nas ruas e que aceitou passivamente tal situação. Já não sou mais a mulher que permitiu que pessoas cruéis me diminuíssem, fazendo com que eu me sentisse excluída, não merecedora de amor e carinho. E hoje sei que só permiti que isso acontecesse, devido à passividade e submissão que apresentei na infância, afinal, eu poderia ter me rebelado contra aqueles garotos, poderia ter insistido com meus pais que trocassem de escola. Mas ao contrário disso, me calei.
E me calei também diante das tais pessoas. Aceitei passivamente que elas me subestimassem, e o que é pior, durante toda a minha vida, acreditei naqueles garotos e acreditei nessas pessoas.
Agora eu sei que o que as pessoas dizem sobre nós, e para nós não deve ser encarado como verdade absoluta. Cada um sabe o que carrega no coração, na mente e no espírito, e ninguém possui "poderes mutantes" para saber com exatidão quem somos e do que somos capazes.
Portanto, eu não sou a "baleia", a "gorda"! Eu não sou a "burra"! Eu não sou aquela que foi negligenciada, vilipendiada e usada!

Eu sou alguém! Eu existo...


"É preciso um grande caos interior para parir uma estrela que dança"

Friedrich Nietzche

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O rei nu


Não sei se conhecem a estória de Christian Andersen, autor de clássicos como: O Patinho Feio e a Pequena Vendedora de Fósforos. Bem, o rei nu conta a estória de um rei muito vaidoso e tolo, que só pensava em vestir roupas caras e para isso mandava seus emissários viajarem por todo o reino para procurar tecidos novos.
Eis que um dia, dois espertalhões, sabendo da vaidade do rei, foram ao palácio e se anunciaram como artesãos que traziam um tecido mágico. Um tecido que somente os inteligentes poderiam ver.
O rei obviamente ficou interessado, pois ele gostava de novidades, estava sempre "antenado" com as últimas tendências, e tratou logo de hospedar os dois espertalhões para que pudessem fazer a tal vestimenta.
O rei muito curioso, a todo instante ordenava que seus ministros fossem ver o tecido, e eles envergonhados por não conseguirem ver o tal tecido, diziam que o tecido era maravilhoso, e que certamente isso traria muitos benefícios ao rei, pois ele ficaria cercado de pessoas inteligentes.
A roupa ficou pronta, e o rei organizou um cerimonial para todo o reino, para que todos pudessem "ver" suas roupas, e para que ele soubesse quais eram os súditos burros e os inteligentes.
Quando o rei apareceu, todo o reino ficou admirado com a tal roupa, teceram elogios, e o rei logo pensou: "que bom, todos são inteligentes", mas havia uma criança que estava no alto de uma árvore, e desconhecendo a "proeza" do tecido, não pensou duas vezes e disse em alto e bom som: "O rei esta nu!"
Imediatamente todos começaram a rir, e diziam que não conseguiam ver absolutamente nada. O tolo rei tinha percebido então, que havia sido vítima de dois espertalhões.
Bem, comecei a me lembrar dessa estória nos últimos dias, devido a uma festa que temos todos os anos em minha cidade. Para os que não sabem, moro em João Pinheiro, uma cidade que fica no noroeste de Minas e que possui pouco mais de 40 mil habitantes.
Esta festa é uma espécie de "carnaval fora de época", organizado por uma promotora de eventos, responsável pelas principais festas da cidade.
Até aí tudo bem, nada contra as pessoas se divertirem. O problema é que a cidade não comporta uma festa deste porte, ou seja, fica quase impossível andar nas ruas, os lugares ficam abarrotados de pessoas, o tráfego de carros aumenta consideravelmente, é um verdadeiro chamariz para marginais e vândulos.
Por três dias a cidade é tomada por uma espécie de primatas ainda não identificada pelos cientistas. Sabe-se apenas que tomam esteróides para aumentar os músculos, e poderem andar sem camisa, e que são desprovidos de massa encefálica. Esses símios, vem de outras cidades, "conquistam" nossas mulheres e meninas! Sim, isso mesmo, meninas de 12 anos estão sendo corrompidas por esta espécime! E o que acontece depois, é que os tais primatas saem difamando as meninas e mulheres, digo isto porque presenciei juntamente com meus pais em um restaurante, um bando deles falando para quem quisesse ouvir, das meninas que "pegaram", e de como elas dançavam feio. ( Esta é uma tradução feita por mim, pois eles emitem um som estranho e quase inaudível, pode ser o som próprio da espécie, bem enfim, consegui entender, e já me coloco à disposição da ciência para ajudar no que for preciso).
Eu como mulher e moradora de João Pinheiro, fiquei revoltada e envergonhada por ouvir tamanha barbaridade. Mas também não pretendo fazer o papel de feminista cega, sei bem que as mulheres são culpadas, pois provocam, vestem roupas mínimas, e nós sabemos muito bem que qualquer animal age por instinto, unicamente!
Essas meninas, fascinadas pela festa e pelo fato dos tais primatas serem de outras cidades, seduzem e se deixam seduzir, sem pensar nas consequências. Eles vão embora, e ficamos aqui com o problema: aumento de casos de doenças sexualmente transmissíveis (incluindo a AIDS), e gravidez indesejada.
Esse é apenas um dos problemas que esta festa traz para a cidade. Ok, o movimento aumenta, logo os comerciantes, donos de hotéis lucrarão mais, mas esta festa não gera emprego, não influencia postivamente a economia da cidade, muito pelo contrário! O que vemos aqui, são vândulos depredando patrimônio público e particular, carros de som ligados em frente a igrejas, hospitais, residências de crianças e idosos, aumento de consumo e tráfico de drogas, prostituição, violência.
E tudo isso a troco de que? De três dias de festa, da necessidade absurda de manter uma mulher capitalista que só lucra com tudo isso, sem se importar com o bem da cidade, com o bem dos nossos jovens...
É realmente lamentável. Só que mais lamentável ainda, é o fato das pessoas não conseguirem enxergar isso, não conseguirem enxergar que "o rei esta nu", e que é mais fácil ter o pão e circo, do que refletir sobre os problemas que afligem nossa cidade, ( e quem mora aqui, sabe do que estou falando).
Sei que corro o risco de ser execrada por causa desse post. Mas peço por gentileza, para os defensores da festa, que se forem refutar meu pensamento, por favor façam com consistência, e não de forma rasa e superficial.

sábado, 9 de outubro de 2010


Quero sentir que sou eu novamente. Parece que me perdi de mim mesma. Por onde andam meus sonhos, meus ideais? Devo ter perdido em um caminho qualquer, em um momento qualquer, só não sei exatamente quando e nem onde...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Para refletir...


"Ser tolerante não é ser conivente com o intolerável, não é acobertar o desrespeito. a tolerância é a virtude que nos ensina a viver com o diferente. a aprender com o diferente, a respeitar o diferente (...) Nós somos tão diferentes que tivemos que criar o valor da igualdade. E sem tolerância não se faz isso, quer dizer, tolerância enquanto essa capacidade que a gente tem e que inclusive cria. Ninguém é tolerante porque nasceu tolerante. A gente se torna tolerante ou a gente se torna intolerante. Daí a possibilidade pedagógica para trabalhar a tolerância."

Paulo Freire

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Bullying: violência velada


Não sei se tive a oportunidade de escrever aqui no blog que faço faculdade de pedagogia. Já estou no úlitmo período, e como todos sabem, há um trabalho final de cunho científico que temos que entregar, para garantir nossa graduação.
Pois bem, há quase dois anos, realizamos um seminário sobre distúrbios de aprendizagem, e o tema que apresentei foi o Bullying Escolar. Desde então, comecei a pesquisar sobre o referido assunto, porque já pensava que este poderia ser o tema da minha monografia, e após o seminário, esse desejo de aprofundar minhas pesquisas sobre o Bullying se fortaleceu durante o estágio de regência, quando me deparei com uma turma do 2º ano do ensino fundamental, onde todas as crianças tinham apelidos. Algumas não se importavam, até achavam graça, mas outras se mostraram visivelmente desconfortáveis e reclamaram durante toda a aula.
Não pude fazer muito, estava ali como estagiária, não conhecia a turma e isso me limitou um pouco, apenas "chamei a atenção" daqueles que estavam perturbando os colegas.
A aula terminou e saí com a sensação de que algo poderia ser feito, um projeto, uma discussão sobre as diferenças, sobre tolerância. Não sei se isso foi apenas um lapso utópico, mas foi a confirmação que eu precisava para pesquisar sobre o Bullying.
Mas o interesse real não surgiu nem com o seminário, e nem com este episódio. Fui vítima de Bullying durante minha infância e parte da adolescência, isso me trouxe incontáveis prejuízos, mas só pude entender que tinha sido vítima deste fenômeno quando começaram a discutí-lo com mais seriedade.
Comecei a escrever este post com o intuito de contar um pouco a minha história, mesmo sabendo que pessoas sádicas poderão achá-lo engraçado. Não tem importância, estou dando "a cara à tapa", batam se achar necessário!
Sempre fui uma criança quieta, um pouco calada, nunca fiz grandes travessuras como por exemplo: subir em árvore, fugir de casa, contar grandes mentiras. O que eu gostava mesmo era de brincar de casinha com as minhas bonecas.
Me lembro como se fosse ontem do meu primeiro dia na escola. É engraçado porque eu não queria ir, sei que isto esta relacionado com o medo do incerto, do desconhecido, mas as vezes me pergunto se não seria um pressentimento do que viria acontecer anos mais tarde.
Fui uma criança acima do peso. Fui motivo de chacota dos coleguinhas durante todo o primário, só porque eu não me encaixava no padrão que eles julgavam necessário para se ter um pouco de paz.
Me lembro de que eu não podia me levantar, porque colocavam o pé na frente só para me verem cair, não podia pronunciar qualquer palavra porque era cruelmente chamada de "baleia, gorda". E o engraçado é que eu me culpava por isso, sentia uma enorme culpa por ser do jeito que era, sentia inveja das meninas que eram magras, até que fui me retraindo na tentativa de ser o menos notada possível.
Mas essa ideia não deu certo. Certo dia, quando tinha 9 anos, na saída da escola, três meninos me perseguiram durante todo o meu trajeto da escola/casa, me empurrando, me chamando de "baleia", rindo e verificando a todo tempo se eu estava chorando. As pessoas na rua assistiam a tudo e achavam graça. Me lembro de perguntar aos três o motivo daquilo, por que estavam fazendo aquilo comigo, e eles riam e diziam "ah cala a boca sá!"
Me senti injustiçada. Eram três meninos contra uma menina! Cheguei em casa e disse para a minha mãe que nunca mais queria voltar para a escola, contei o que havia acontecido, e ela na tentativa de me acalmar, disse que era assim mesmo, era "coisa de criança".
Não me senti satisfeita, e contei para a professora no dia seguinte. Ela disse que depois iria castigá-los, mas pelo o que sei nada foi feito e continuei sendo humilhada até terminar o primário e mudar de escola.
Esse episódio ocorrido na infância, me trouxe prejuízos que até hoje carrego comigo. Sou insegura em tudo o que faço, não consigo me ver magra por mais que eu tente ou por mais que me digam, tenho a sensação de que tudo o que eu fizer nunca será suficientemente bom.
Agora, gostaria de explicar o motivo de ter escrito que algumas pessoas poderiam achar engraçado e até mesmo exagerado o meu pequeno relato. A razão é bem simples: algumas pessoas consideram divertido rir do outro, zombar e fazer chacota. Desvalorizam a dor alheia, a diferença alheia. A isto chamam de "sadismo", estou certa? O prazer quase que orgástico em ver o sofrimento do outro...
Como futura pedagoga, posso afirmar: não nos iludamos! Crianças podem ser cruéis quando querem, por isso não ignoremos a reclamação aparentemente inocente de uma criança que se sente incomodada com o apelido. Ignorar é ser conivente com a crueldade e impunidade, e afinal de contas, que tipo de cidadãos os pais e professores querem formar? Deixo em aberto esta pergunta, sintam-se à vontade para responder se julgarem necessário.