quarta-feira, 25 de maio de 2011

A raiva


Hanna estava perdida dentro daquele apartamento. Era um espaço que não cabia tantos sentimentos contraditórios. Sentia saudades de casa, saudades de seus pais, mas também sentia raiva por não poder compartilhar com ninguém o que lhe afligia. Era sempre a mesma história:
-Esqueça! Homem é assim, eles não sabem dar valor!
"Homem é assim o caralho!"- pensava, mas não dizia nada, embora não concordasse com essas generalizações.
Ela senta em frente ao computador e começa a escrever:
"Tenho raiva. Tenho raiva de mim e da pessoa que me envolvi. Tenho raiva até dessa necessidade estúpida de escrever, como se eu fosse uma menina de 15 anos estreando o diário que ganhou de aniversário. Porra! Eu escrevo para que? Para quem? Será que alguém lê?
Não importa! Porque escrevo para mim, porque me sinto sozinha e essa foi a forma que encontrei de me exorcisar. Não sou escritora, e ninguém precisa me dizer isso, e por esta razão não quero ser julgada por nada que for externado aqui.
É a minha vida, se faço desse blog um diário problema meu! Leia quem quiser. Só saibam que hoje estou com raiva. A gente faz e fala o que deseja e me chamam de vagabunda! Que merda de hipocrisia! Ninguém precisa me dizer dos riscos que corro, todo mundo só fala isso, mas ninguém vê quando choro sozinha aqui nesse apartamento. Cadê essas pessoas quando pego a lâmina e me corto? Só sabem julgar e condenar. Fodam-se! Ainda espero ser resgatada..."
Era uma indignação com tudo que estava acontecendo, pelas escolhas erradas, pela faculdade que já não fazia mais sentido. Aliás, nada mais fazia sentido para Hanna, a raiva e a culpa se misturavam e ela sabia que dificilmente se livraria de tais sentimentos.

Um comentário:

Eduardo Ferreira Dias de Souza disse...

Hanna, minha cara Hanna! Sua raiva é justa, aliás, quem somos nós, meros mortais para decidirmos e dizermos, "não fique assim", "não precisa dessa raiva toda", "a vida é assim mesmo, você precisa se acalmar e esperar que as coisas vão melhorar". E infelizmente se a pessoa continua apenas com calma esperando, corre o risco de apenas esperar, esperar e conseqüentemente se acomodar! Hanna, você não é acomodada, graças a Deus! Parabéns Lidiana por mais um belíssimo post!