domingo, 22 de maio de 2011

Autoestima quebrada


Era uma noite de sexta-feira e Hanna estava no seu apartamento com o namorado. Naquela noite, Hanna sentia-se carente e seu corpo clamava por um pouco de amor, ela amava o namorado e sempre se dispôs a agradá-lo em todos os âmbitos. É isso que as mulheres apaixonadas fazem, e o que elas esperam? Um mínimo de retribuição para início de conversa... Já era tarde, estavam assistindo um filme, mas aquela não era a sua vontade. Foi tomada por um desejo quase incontrolável, e como nunca fez questão de mascarar seus sentimentos não pensou antes de propor ao namorado que tomassem um longo e delicioso banho. Hanna gostava dessa sensação de corpos molhados, mas sobretudo a intimidade que esse momento aparantemente simples proporcionava a um casal. Gostava dos abraços e beijos e a água presenciando e estimulando cada carícia. Na sua concepção não podia haver algo mais erótico e romântico. Sem pestanejar Hanna vira para o namorado e diz com uma voz dengosa e carente:
- Amor, toma banho comigo hoje?
O namorado sem sequer olhar para seu rosto responde-lhe enfaticamente: -Espera! Quero ver a atriz que vai aparecer na próxima cena do filme. Ou então, podemos ser rápidos para que eu não perca.
Hanna perde a voz ao escutar essas palavras. E aquele homem que estava ali deitado no seu colo, olha bem para seus olhos e começa a rir. Hanna pergunta do que estava rindo. E ele ironicamente diz que achou graça da cara dela, e diz ainda que ela podia ir sozinha porque não estava com vontade naquele momento. Ela corre para o banheiro, liga o chuveiro e começa a chorar baixinho. Fica nua em frente ao espelho e procura obsessivamente todos os defeitos do seu corpo e se perguntava o que havia de errado com ela. "Será que estou sendo muito sensível? Por que achei grosseiro e desnecessário ele dizer isso na minha cara?" - e Hanna se fazia essas perguntas na tentativa de aliviar seu mal estar, mas não adiantava, cada pergunta que se fazia a resposta era uma só: "eu sou o problema". Tomou seu banho, vestiu-se e foi para a cama. Em seguida, o namorado fez o mesmo ritual, e deitou-se ao lado dela acariciando seus seios, seu sexo, sem dizer absolutamente nada,e Hanna fica imóvel na cama, e enquanto aquele homem que ela já não reconhecia mais, buscava satisfazer seu prazer, a única coisa que Hanna conseguiu sentir foi asco. Sem se importar com o que Hanna fazia, o namorado goza, vira e dorme. Exatamente nessa sequência. Ela então se levanta, chora um pouco na cozinha, vai até o computador e começa a escrever: "QUERO GRITAR! QUERO VOMITAR! ESTOU COM NOJO DESSE HOMEM, MAS SOBRETUDO TENHO NOJO DE MIM MESMA!" No dia seguinte, Hanna se encontra com suas amigas da faculdade, e lhes conta o que havia acontecido, elas começam a rir e dizer:
- Como você é boba! Homem é assim mesmo! Ele disse isso para te provocar, não percebe?
Hanna fica estarrecida com o que acabara de ouvir. Somente uma de suas colegas, disse-lhe num gesto de solidariedade:
- Amiga, você não precisa passar por isso. Valorize-se! Olhe para você, você é linda, inteligente. O que faz com um homem desses?
Aquelas palavras serviram para que Hanna criasse coragem, virasse para as outras e dissesse:
- Olhem, é por isso que existem homens como este. É por causa de vocês que acham tudo normal, que tudo é permitido! Acham que eles podem dizer o que quiserem, e nós temos que aceitar submissas e estar prontas para satisfazer os desejos deles a hora que eles bem entenderem. Sinceramente, não sei quem é mais machista, se são vocês, ou se são os homens...
-Hanna acho que você esta exagerando. Isso não significa que ele não gosta de você...
-Estou exagerando? Pois que seja! Se não significa que ele não gosta de mim, também não significa que gosta. E eu me senti mal com o comentário, nunca tive a autoestima elevada e também nunca me preocupei em esconder isso de ninguém. E agora eu pergunto: será que vocês e ele poderiam ser um pouco mais sensíveis? Hanna se levanta da mesa, e vai embora. Chegando no apartamento, encontra um homem deitado, nu e ainda dormindo. "Eu deveria expulsá-lo daqui. Porco!" - disse para si mesma, mas ao invés disso, sentou-se na sala e começou a pensar que mesmo que o expulsasse dali, não adiantaria. O estrago já estava feito...




Um comentário:

Eduardo Ferreira Dias de Souza disse...

Hanna infelizmente encontrou em seu caminho "machos", pois para mim caras como esses não passam de machos que acham que o mundo deve estar a tempo e a modo para eles, prontos para que ele se satisfaça e depois durma! Infelizmente como bem dito por Hanna, atitudes como as das amigas de Hanna que concordam que "homem é assim mesmo", não sabem o que é viver! E digo mais, esse post pode e deve ser considerado como um conselho às mulheres em geral! Pois ainda existem "homens" de verdade, que realmente valorizam a mulher, que tentam fazer com que a mulher se sinta a única! Não que sejam submissos, em um relacionamento não deve existir submissão e sim companheirismo, "homens"! Parabéns Lidiana por mostrar essa realidade, triste, mas verdadeira! Parabéns mais uma vez! A Hanna digo, você é mais que especial, sabe o que quer e precisa de um companheiro que assim como você não tenha medo de assumir quem é e abra as asas pra voar!