segunda-feira, 23 de maio de 2011

Ela ainda esta quebrada...


Hanna não sabia ao certo o motivo de estar envolvida com uma pessoa tão volúvel e que por diversas vezes já tinha deixado claro que os sentimentos que ele nutria por ela, eram bem diferentes do que ela gostaria. Hanna queria que ele a amasse, mas ao invés disso, recebia o contrário.
Vez ou outra o namorado saía sem dar explicações, não telefonava, ficava uma semana fora e depois voltava como se nada tivesse acontecido. "Por que não consigo dizer não? Por que me sujeito a isso?" - eram esses os questionamentos de Hanna, mas ela não tinha resposta. Só sabia que estava ficando doente, já não tinha mais certeza se o que sentia era paixão ou uma dependência cega pela falta da família e dos amigos.
Certa noite, depois de fazerem amor, este homem virou-se para Hanna e disse sorrindo:
- Nossa! Não sei como você consegue fazer sexo tão bem!
Ela não entendeu aquilo, e sem pensar muito perguntou:
- Como assim? Não entendi o quis dizer.
Hanna ainda estava em estado de êxtase quando fez essa pergunta. Esperava ouvir algo romântico, ou até mesmo erótico, mas ao contrário de sua vontade, obteve a seguinte resposta:
- Ah Hanna porque assim, sempre gostei de muheres bem magras, e eu nunca pensei que uma gordinha tivesse tanta agilidade na cama.
Ela olha fixamente para ele sem saber o que dizer. Não tinha certeza se sentia-se ofendida ou lisonjeada. A única coisa que conseguiu pensar naquele momento foi: "então eu sou gorda, é isso que ele pensa de mim".
Naquela noite, Hanna não conseguiu dormir, aquelas palavras martelaram seu corpo, sua mente, até se convencer de que todos os apelidos que recebeu na infância sobre seu peso, não eram apenas brincadeira. Para ela, isto tinha se confirmado naquela noite. "Sou gorda, sempre fui" - pensava consigo enquanto andava sozinha pelo apartamento.
O namorado, o homem que Hanna acreditou que a resgataria de toda aquela solidão, foi embora. Quando a porta se fechou, Hanna sentiu ódio, ódio dele e de si mesma. Arrancou a roupa violentamente e correu para a frente do espelho, chorava e dizia: "você é horrível, é gorda, você nunca vai ter dele o que você espera, patética!"
Hanna adoeceu. Chegou a acreditar que estava perdendo a razão, pensava que nada era real, andava nas ruas e pedia para que algum carro a atropelasse. Sua autoestima estava partida, não conseguia mais se interessar por absolutamente nada e nesses momentos ela queria voltar para casa. Queria os braços de sua mãe, queria poder deitar no colo de alguém e chorar, apenas chorar.
Alguns dias depois e Hanna já estava de pé. Sem notícias daquele homem, ela cantarolava uma de suas canções preferidas: "Baby estou indo embora, meus sentimentos por você estão decaindo bem na minha frente como uma carne em estado de putrefação". Cantava esses versos porque era o que sentia, e além de cantar, escrevia essa frase no computador e ainda acrescentava: "meus sentimentos estão decaindo e não vou fazer nada para que mude. A carne vai apodrecer e eu vou assistir inerte, apenas observando."

Um comentário:

Eduardo Ferreira Dias de Souza disse...

Esse infeliz tinha o amor de uma belíssima mulher! Tinha o respeito, fidelidade e a paixão dessa mulher toda pra ele! E o mínimo que ele poderia fazer, que era amá-la, retribuir o carinho e as carícias que ela dispensava a ele, mas infelizmente porcos, são sempre porcos! Machos são sempre machos! Mas Hanna é mais que mulher, é um ser livre que pode e deve abrir suas asas e voar, sem esperar quem quer que seja! Voar... Voar... Voar...