segunda-feira, 16 de maio de 2011

Não sou apenas uma...


Hanna ainda não sabia lidar direito com certos sentimentos. Era intensa, não sabia viver nada pelas metades, embora sua personalidade fosse totalmente ambivalente. Sim! Se havia uma palavra que a descrevesse, era essa: ambivalência, ou dualidade, não importa. O que importava era que Hanna queria ter uma existência apenas, talvez assim soubesse lidar melhor consigo mesma. Ela tinha uma certeza estranha de que jamais alguém se apaixonaria por ela. Não era nenhum sentimento de autopiedade ou algo parecido, é que sentir, pensar e agir como ela lhe custaria muito. Hanna não era mais criança e sabia que a sociedade exigia um comportamento que ela se recusava. "Afinal o que sou? Acho que sou uma farsa, uma invensão, eu me criei, sou uma junção de todas as mulheres que admiro na esperança de conseguir sobreviver nesse mundo caótico. Sou então uma personagem de algum filme, é isso, a vida para mim é um filme só que sem o final feliz". - Hanna repetia sozinha esses devaneios no seu quarto. Ao mesmo tempo em que queria ser incomum, se sentia também como as demais mulheres. "Por que essa obsessão tola por amor?" - e Hanna se odiava pela ausência de algo que sonhou em ter, mas que lhe foi negado. Não conseguia mais acreditar em romances, sua concepção havia mudado, queria palavras somadas com atitudes. "Por que grito tanto por isso e ninguém escuta? Será que ninguém consegue entender? Estou pedindo muito?" - acreditava que se fizesse essas perguntas obteria alguma resposta. As respostas nunca vinham. E isso aumentava sua desorientação até e o cansaço tomar conta da sua mente, do seu corpo. Pronto. Se dava por vencida. No entanto, esse suposto conformismo durava algumas horas, e Hanna pensava e sentia tudo novamente. "Então é isso, sou uma inconformada."

2 comentários:

Eduardo Ferreira Dias de Souza disse...

Hanna, a inconstante, a mulher Dual! Mulher que são várias, que não é apenas uma, e o melhor, ela consegue ser todas elas ao mesmo tempo! Ou pelo menos um pouquinho de cada uma! Hanna uma mulher que não parece ser real! Uma mulher que de tão especial parece ser apenas fruto da imaginação de uma bela mulher, mas que representa muito mais que apenas imaginação! Representa um pouquinho do que muitas mulheres são por aí! Representa a liberdade real que muitas mulheres querem ter! É o retrato de alguém que é magnifica assim como ela, Hanna! Magnifica, espetacular, sem igual, como o fechamento de uma poesia minha feita à uma pessoa que realmente é sem igual! Parabéns Lidiana mais uma vez por nos brindar com essa magnífica mulher, retrato de outra mulher! Parabéns!

Hanna disse...

Acho que não há motivos para se orgulhar em ser como ela. Hanna sabe o preço de toda essa ambivalência, mas não consegue ser diferente.
Ela esta ficando rouca. Ninguém a escuta, e agora o cansaço toma conta.
Por alguns dias ela precisará se recompor...