domingo, 12 de junho de 2011

A morte de Hanna


Depois de receber a carta de Bones, Hanna chorava compulsivamente por ter enfim encontrado a verdade sobre si mesma, estava tudo ali dentro dela o tempo inteiro, e ela sabia que só havia uma coisa a ser feita.
Pegou um pedaço de papel e começou a escrever:

"Papai e mamãe: Primeiraramente quero que saibam que os amo muito. Me perdoem por tudo que fiz e por tudo que deixei que fizessem comigo. Agora, eu sei que isso precisa acabar, preciso matar o que me tornei. Quero outra vida, quero acreditar que as coisas serão diferentes. Porque serão. Amo vocês. Ass: Hanna "

Esta sendo difícil escrever sobre isso, mas como disse Clarice Lispector: "uma mortezinha de vez em quando não faz mal a ninguém". E Hanna sabia que teria que ir embora, quando enfim tomou consciência do que havia se tornado sua vida, não teve outra alternativa: "me mato, para depois renascer, mais forte, mais brilhante" - pensava consigo.
Foi ao banheiro e pegou seus calmantes. Foi tomando um a um, e quanto mais engolia, mais certeza tinha que estava no caminho certo e de que todos a entenderiam.
Quando se deu conta, já lânguida, o frasco estava vazio. Hanna se deitou, e abrindo um sorriso pronunciou as seguintes palavras:
- Agora eu vou existir.
Fechou os olhos. Hanna foi encontrada já com o corpo gelado, mas sua face estava rosada e o sorriso permanecia. Nunca esteve tão bonita como neste dia.

3 comentários:

Blog de um DDA disse...

Ficarei tão feliz quando esta noite eterna acabar. Sinto que o sol vai iluminar minha face em pouco tempo, o manto da morte vai me consolar e acabar com este sofrimento que causo em todos que convivem comigo, finalmente vou encontrar a paz, a tão sonhada paz...

Eduardo Ferreira Dias de Souza disse...

Bem, acredito que a morte de Hanna aqui seja a morte da Hanna que foi vilipendiada, machucada, violentada, e tudo o mais que ela sofreu! É a morte daquela que muito sofreu e que quer buscar renovação, e para isso devemos "morrer", matar essas desilusões, tristezas e amarguras que fica batendo dentro do coração! Parabéns Lidiana!

Hanna disse...

Gostaria de esclarecer essa morte, embora para mim já estivesse claro, mas devido a alguns comentários que recebi recentemente, precisarei explicar.
Essa morte é no sentido figurativo. O que ela matou na realidade foi a submissão e a vitimização que se submeteu. Como no próprio prólogo diz: "temos escolhas", e Hanna depois do caos, escolheu ficar e se libertar. Se libertar no sentido de não ser mais uma vítima! Algo nela teria que mudar, e é a esse tipo de morte que me refiro.
Ora, vocês não esperavam que eu a matasse e depois como num passe de mágica ela ressurgisse. Nada contra a literatura fantástica, mas não escrevo fantasias, não saberia como fazê-lo e para mim isso não teria sentido.
Se lerem com atenção o post sobre a morte e em seguida o prólogo, saberão do que falo. A mensagem nem sempre esta tão evidente assim, e precisamos enxergar o que esta nas entrelinhas...