sexta-feira, 10 de junho de 2011

O reencontro


Já estava tudo preparado para a partida de Hanna. O apartamento estava vazio, ela se desfizera de todos os móveis, mas continuava ali, sozinha e pensativa:
"Me sinto tão fracassada. Pareço ter sido abdusida e depois colocada aqui de volta, nada parece real.."
As lágrimas desciam uma a uma. Não havia nada o que fazer ali, mas mesmo assim ela continuava sentada e flashbacks passavam em sua mente. Lembrava que não tinha sofrido apenas, também foi feliz ali, desfrutou de uma liberdade que nunca tinha experimentado e pensava que antes de se tornar o que era, suas amigas frequentavam o apartamento e lhe faziam companhia.
Hanna olha para a porta e vê que deixaram uma correspondência. Ela se levanta e corre na tentativa de saber quem tinha entregado aquela carta, mas foi em vão, o entregador misterioso já tinha ido embora.
No envelope estava escrito: de Bones para Hanna. Ela abre rapidamente e começa a ler:

"Pensativa . Hanna vivia em torno de seus pensamentos que muitas vezes eram considerados ''insanos'' ao olhos de quem via de fora . Sempre intensa de sentimentos : ama demais , odeia demais , acredita demais , esperançosa demais , mas essa é a real essência de Hanna , intensidade à flor da pele . Há aqueles que não acreditam na força que ela transmite com suas palavras ou apenas por suas expressões faciais - tão marcantes , seja relatando : tristeza ou felicidade .
Alguns acreditavam que por seus ''maus hábitos '' Hanna não passa de uma crinaça que precisa de cuidados , ou há aqueles também que não querem responsabilizarem-se em ficar do seu lado caso cometa sua insanidade , da qual a mesma sabe muito bem - tolos , idiotas e preconceituosos . Mas sabem que transparecendo essa ''película fina '' fragilidade ; Hanna tem uma fortaleza imensa dentro de si , da qual apenas ela pode dar-se ao luxo de contempla-la e orgulhar-se sem ter que expor nada a alguém . Hanna irá seguir seu caminho , assim como tantas outras estão seguindo , irá cair no meio da estrada assim como confesso eu minha cara amiga caio , e o tombo é feio de ralar os joelhos . Mas é reerguer-se novamente , limpar os joelhos sangrando e sair caminhando novamente , em busca da estrada certa ..."
Ass: Bones

Ao ler essas palavras, foi como se os seis meses de terapia com a psicóloga e psiquiatra estivesse resumida naquela carta tão singela, mas cheia de amor. Sentiu segurança, queria saber quem era Bones, mas seu entusiasmo foi maior e correu para a frente do espelho e finalmente se olhou como há muito tempo não fazia:

"Eu tive de me perder, tive de percorrer caminhos obscuros, mas minha essência continua aqui. Sim! Ela esta aqui dentro, não foi violada! Não sou nada do que me disseram e fizeram, sou uma mulher. Essa é minha vida, minha história e se eu tiver de cair para me reencontrar, cairei quantas vezes for preciso"
Seu choro agora era de alegria porque sabia que poderia recomeçar. E mesmo não conhecendo a amiga secreta, dizia em voz alta:
-Obrigada Bones!


2 comentários:

FAMÍLIA FREIRE disse...

Ausência

Num deserto sem água

Numa noite sem lua

Num país sem nome

Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero

Nenhuma ausência é mais funda do que a tua
Um beijo do Darci

Eduardo Ferreira Dias de Souza disse...

Hanna e sua essência que grita por vida! Você Hanna ainda vai cair muito mas como bem dito igualmente irá se levantar e continuar tentando!!! Parabéns Lidiana por mais um belo post! Parabéns Bones por trazer algo tão importante à Hanna! Amigas como você não se encontra em qualquer lugar! Paz&Bem a vocês!!!