quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Chegando no apartamento...

Hanna enfim chega ao seu aconchego. Estava sujo e empoeirado, como já era esperado, mas ela estava tão cansada que não teve ânimo para começar uma arrumação. Deitou-se na cama e ficou pensando em tudo que tinha acontecido, nas coisas que tinha feito.
Foram meses implorando amor a quem não podia oferecer nada além de uma noite de sexo, aliás, o sexo se tornou seu "aliado" para escapar do abandono, era a forma que ela encontrou de se sentir bonita, desejada e cuidada, mesmo que por alguns minutos.
Sempre que tinha esses sentimentos, queria mais sexo, bebidas. Hanna percebe então que tornara-se compulsiva, estava frágil e infantilizada, precisando de carinho, de uma mão que acariciasse seus cabelos.
As promessas que um dia fizeram seus olhos brilharem, martelavam sua cabeça e se sentia uma verdadeira palhaça. Sem pensar muito, Hanna vai até o banheiro, pega uma lâmina e faz um corte em seu braço. Suja um de seus dedos e pinta seu rosto de palhaço com o próprio sangue. Era assim que se sentia, era assim que se sentiu durante toda a sua vida.
Desde criança era motivo de riso dos colegas por causa do peso, e agora acreditava que era motivo de riso dos homens que satisfaziam seu prazer para depois se gabarem com os amigos.
Foi motivo de riso do homem que amou por 11 anos, mas que nunca teve coragem para assumí-la, era sempre a mesma justificativa: "quando duas pessoas se amam devem ficar separadas".
"Sim, sou uma palhaça. E por que somente eu não consigo achar graça em toda essa merda? Por que não consigo achar graça na covardia de homens que não sabem o que querem, e se escondem atrás de discursos falsos na tentativa frustrada de me enganarem, quando na verdade estão se engando a si próprios? Eles me acharam engraçada, riram de mim, me trataram como escárnio, e eu o que sinto? Não sei. Só sei que estou aqui sozinha, não tenho nada nem ninguém, e não é justo que eu pague por isso sozinha, não é justo que eu assuma as consequências e eles saiam impunes."
Hanna pronunciava essas palavras enquanto se olhava no espelho e não sabia o que fazer com os cacos que sobraram. Já não sabia mais se havia vida dentro dela, não sabia de nada mais. A única verdade que para ela era inquestionável, era aquela refletida no espelho.

Um comentário:

♣Poppy disse...

Seu blog é incrível, deveria sem dúvida virar um livro um dia.

♣Poppy