quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Os Cantos de Maldoror - Canto Primeiro


"Eu vi, durante toda a minha vida, sem excetuar um só, os homens de ombros estreitos praticarem atos estúpidos e numerosos, embrutecerem seus semelhantes, enfiarem o dinheiro dos outros nos bolsos, e perverterem as almas por todos os meios. Assim chama eles o motivo de suas ações: a glória. Vendo esses espetáculos, eu quis rir como os outros; mas isso, estranha imitação, era impossível. Peguei um canivete cuja lâmina tinha um gume afiado, e rasguei minhas carnes nos lugares onde se reúnem os lábios. Por um instante, acreditei haver alcançado meu objetivo. Examinei em um espelho essa boca ferida por minha própria vontade! Havia sido um erro! O sangue, que corria em abundância dos dois ferimentos, não permitia distinguir, aliás, se esse era verdadeiramente o riso dos outros. Mas, após alguns instantes de comparação, vi muito bem que meu riso não se assemelhava ao dos humanos, ou seja, eu não ria."

Os Cantos de Maldoror - Lautréamont (Isidore Ducasse)

Um comentário:

Eduardo Ferreira Dias de Souza disse...

Quero comentar esse texto pois nele vejo você Lidiana!!! Mas não me entenda mal, apenas vejo que Maldoror não se sentia como um ser humano comum e você, assim como ele, não é um ser humano comum. És uma mulher diferente. Obstinada, determinada e sabe o que quer. És forte, mas ao mesmo tempo frágil, mas traz consigo em seu semblante, sapiência de querer sempre voar mais e mais alto. Trazes ainda a beleza mais que singela, mas que também consegue ser sensual e sedutora. És uma mulher, espetacular mulher em todos os sentidos, em todos os lados de todos os jeitos! És mulher... Especial e Magnífica MULHER...