domingo, 29 de maio de 2011

Naquela noite


Era sábado. Hanna estava sozinha quando escutou o interfone. "Quem será? Ninguém vem aqui, ainda mais em um sábado à noite!" - pensou, e exitou por alguns instantes atender, afinal, já estava um pouco tarde e ela estava preparada para dormir.
Vestida apenas com uma camiseta, Hanna se arriscou e atendeu:
- Quem é?
- Sou eu Hanna, abre pra mim!
Era ele! O homem que ela pensava ser seu namorado, e que havia dito palavras tão afiadas quanto um punhal. Ele, o homem para quem Hanna nunca conseguia dizer "não", estava ali pedindo para entrar em seu apartamento.
Ela abre o portão, sentindo-se feliz, pois acreditava que pudessem conversar, esclarecer o que tinha acontecido, enfim, falar de seus sentimentos e do quanto ficou magoada.
Hanna não se preocupa em se trocar e espera pacientemente pela batida na porta. Ela enfim escuta, e corre para abrir, mas quando a porta finalmente é destrancada, Hanna é surpreendida não com um homem apenas, mas três! Seu namorado havia levado dois amigos, algumas bebidas e não estavam em estado normal. Riam muito, falavam coisas sem nexo, e sequer pediram permissão para entrarem.
Hanna fecha a porta sem entender o que estava acontecendo e constrangida pelas suas vestimentas chega para o namorado e pergunta:
- O que é isso? Como você aparece aqui sem avisar, e ainda traz com você dois amigos?
- Ô meu amor, estava com saudades! A gente veio fazer só uma farrinha, não se preocupa, a gente só vai beber um pouco, fumar um brown, e eu tenho certeza de que você esta com vontade, não esta? Depois a noite vai ser só nossa. Prometo! Nossa que saudades que eu senti!
Ele a beija e lhe dá um abraço. Como já era esperado, ela não consegue dizer "não", e se rende aos carinhos de seu amado.
Senta-se na cadeira e eles lhe oferecem bebida. Começa tomando vinho, fuma um pouco de baseado e olha para o namorado. Ele parecia feliz e não demorou muito para que ela também fosse contagiada por aquela alegria. Conversas sem sentido, gargalhadas, fizeram com que Hanna se sentisse bem e não viu mal algum em desta vez tomar vodka, absinto e mais um pouco de baseado.
De repente, foi tomada por uma espécie de transe, nada era real e seu corpo, sua mente não lhe pertenciam mais. Não sabia ao certo nem quem estava ali e sobre o que falavam, só sentia como se seu espírito tivesse saído do seu corpo e observava tudo como um voyer.
O namorado a leva para o quarto. Ela ria sem motivo, e ele a silencia com um beijo. Começa então a despí-la, a porta estava entreaberta e ela conseguia enxergar com uma visão turva que os dois amigos observavam da sala. Pede quase implorando:
- Para! Seus amigos estão me vendo, ao menos feche a porta!
-Relaxa Hanna, fica tranquila! É só uma brincadeira! Você não gosta dessas loucuras de vez em quando? Então? Que mal há nisso?
Hanna é empurrada para a cama, já nua, e o namorado tira a roupa com rapidez, deita sobre ela e a penetra. Hanna estava meio morta, não conseguia sequer sentir prazer, apenas observava, apesar da penumbra que os dois homens na sala olhavam fascinados aquela cena.
Amanhece e Hanna acorda nua, sua cabeça girava, dava voltas, ela então corre para o banheiro e vomita. Estava fraca, sentia uma forte dor de cabeça, e apoiando-se nas paredes vai até a sala e olha as garrafas vazias, cadeiras no chão, bitucas de cigarro por todos os lados.
Volta para o quarto às pressas e acorda o namorado:
-Levanta! Acorda! O que foi que aconteceu?
-Que que é?
- O que é sou eu quem pergunto! Que aconteceu? Onde estão seus amigos?
-Foram embora, se divertiram um pouco com a nossa performance, e saíram. Você nem viu, caiu logo no sono.
-Você deixou que eles nos vissem transando, é isso?
Insistindo por algum esclarecimento, o namorado se levanta impaciente e a joga no chão. Hanna fica inerte, estava ainda fraca e apenas olha para cima com os olhos cheios de água. Ele se limita em dizer:
- Para de fazer drama! Que coisa! Não se pode nem dormir! Vai dizer que não gostou Hanna? Diga! Diga que não gostou! Eu vi sua carinha de satisfação, você ria, falava alto, e agora quer se fazer de vítima, por quê? Olha isso não vai funcionar comigo, você já conseguiu me irritar.
Ele então se veste rapidamente, sai e deixa a mulher nua ainda no chão.
Hanna se rasteja até um canto da parede e fica ali, deitada sobre o chão frio. As lágrimas desciam uma a uma, ela então se encolhe tal como uma criança e fica nesta posição até adormecer.

3 comentários:

Eduardo Ferreira Dias de Souza disse...

Esse post ficou espetacular, cada vez sinto mais ódio desse camarada! Dá vontade de pegar um cara desses, começar bater as 12:00 horas e parar só quando a corrupção se extinguir no Brasil! Parabéns Lidiana pelo pots! Mais uma vez você chama a atenção das mulheres para homens como esse, que não valorizam as mulheres, que as utilizam apenas como diversão, que não valorizam o amor que elas tem para com eles, e acabam, na esperança de que o mané possa mudar, tentar, tentar e tentar! Mas infelizmente as coisas só pioram e quando elas se olham no espelho vêem que a auto estima acabou, e não só a auto estima, mas o amor próprio fica de lado! Parabéns Lidiana por mostrar através de Hanna que esse tipo de homem existe e está ali pronto a ser o mais cafajeste possível! Infelizmente o mundo está cheio de "machos", claro que existem homens de verdade, mas essa raça está cada dia mais em extinção, pois infelizmente, hoje em dia as coisas vão chegando a um ponto de que ser honesto e honrado com uma mulher quase é "errado", o comum e necessário é ser cafajeste! Mas a esperança é a ultima que morre! Hanna não desista, abra suas asas! Levante vôo e lá em cima no céu, poderás encontrar aquele que junto contigo voará, pois lá em cima não existem mais medo de voar, já estão no alto e o céu é o limite!

José Silmarovi Jr. disse...

Faço das palavras do Dudu as minhas.
Falou bonito mesmo...

Este fela dá muito ódio. Tomara que ele não cruze meu caminho pois meu kit de facas japonesas está chegando e estou louco para experimentar o corte das danadas.

É realmente triste e lastimável que existam "figurinhas" que parecem ser a melhor coisa do mundo, mas que de repente, mostram seu lado bestial e demoníaco.

Parabéns pelo post Lidi.

Hanna disse...

Obrigada meninos! Seriam você os heróis de Hanna? Brincadeiras à parte, obrigada pelos comentários, creio que toda essa revolta nas palavras de vocês, é sinal que estou conseguindo transmitir algo com os posts.
Beijos!