terça-feira, 7 de junho de 2011

Do céu ao inferno


Nos meses que se seguiram, Hanna continuou se encontrando com o homem que conhecera àquela noite. Não tardou para que ela se visse completamente apaixonada, já não faziam nada sem o outro, ele era doce, entendia a situação de Hanna e até a acompanhava ao psiquiatra.
Hanna havia emagrecido, estava com a autoestima elevada, seu namorado a levava nos melhores salões de beleza da cidade, Hanna sentia como se tivessem apagado com uma borracha todo o passado e ela estivesse enfim começando uma nova vida. Não existia rotina entre eles, o sexo era cada vez melhor, a diferença de idade (ele era 15 anos mais velho), parecia ser um tempero a mais na relação.
Tudo que estava bom, se tornara melhor, no entanto, os problemas também começaram a aparecer, e o prinicipal deles era o ciúme. Um ciúme doentio que pouco a pouco foi tirando a liberdade de Hanna sem que ela percebesse, ela acreditava que tudo fazia parte do amor que ele sentia e o medo de perder. Mas ela não podia mais olhar para os lados, e ninguém podia olhá-la e por esta razão, as saídas se tornaram menos frequentes. Hanna não queria brigar, queria viver em paz com o homem que ela amava.
Certa noite, ele telefona avisando que teria que viajar a negócios, mas que estaria de volta no dia seguinte. Se despediram pelo telefone, e ela aproveitou para colocar em dia os trabalhos da faculdade que estavam atrasados. Chamou então um colega de classe para que pudesse ajudá-la, e Hanna se sentiu aliviada, pois enfim estava conseguindo dar continuidade aos estudos.
Quando terminaram, Hanna acompanhou seu amigo até o portão do prédio, e quando abriu, o namorado desceu do carro já preparado para brigar:
-Quem é esse? Você aproveitou que eu ia viajar pra me cornear, é isso?
- Não! Pelo amor de Deus! Ele só veio aqui me ajudar com uns trabalhos, só isso!
O colega quis intervir, explicar o que de fato havia acontecido, mas ao abrir a boca, o namorado de Hanna avançou e se ela não tivesse segurado-o pelo braço ele teria agredido seu amigo.
- Vá embora! Pelo amor de Deus, vá embora! Eu me entendo com ele - diz ao colega
O colega obedece, vai embora, mas parecia ter ficado na dúvida se tinha feito a coisa certa. "Eu a deixei sozinha com aquele ogro, que belo amigo eu sou. Ah mas ela deve conseguir contê-lo" - esses eram os pensamentos que passaram pela sua cabeça enquanto fazia o trajeto de volta para casa.
Enquanto isso, na porta do prédio de Hanna a briga continuava:
- Você acha que sou otário por acaso? - dizia o namorado aos berros.
- Me deixa explicar! Não aconteceu nada, eu juro!
-Cala a boca! Quanto mais você fala, mais nervoso eu fico! Nunca mais quero olhar pra sua cara! Vagabunda!
As pessoas passavam e olhavam curiosas a cena. Hanna não aceitou ser chamada de vagabunda:
- Se sou vagabunda você é um louco que precisa ser internado!
Ao pronunciar essas palavras, Hanna sentiu em seu rosto uma mão pesada que a fez virar o pescoço, se desequilibrar e cair.
Ficou ali, imóvel, sentada no chão e sentindo seu rosto arder como se pegasse fogo.
-Meu amor me perdoa! Eu não queria fazer isso! Fala comigo, você tá bem, não tá? Vem, vou cuidar de você.
Hanna não conseguia falar, apenas uma lágrima desceu. Estava tonta, e sua perna doía por causa da queda. O namorado a pegou no colo e a levou para o apartamento. Pedia perdão compulsivamente e dizia que a amava e que nunca mais faria aquilo. A essas alturas o rosto de Hanna estava inchado e vermelho, e ela continuava muda.
Ele a deitou na cama, colocou gelo em seu rosto, e em seguida deitou-se ao seu lado.
As únicas palavras que ela conseguiu dizer foram:
- Você me bateu. - disse quase sem voz.
- Eu sei Hanna, isso não vai mais acontecer. Você é tudo pra mim, é minha vida. Eu te amo! - o namorado repetia compulsivamente e aos prantos.
Hanna permaneceu quieta. Mas os pensamentos estavam a mil, e uma das coisas que pensou foi: "o inferno bateu de novo na minha porta, e eu o deixei entrar."

Um comentário:

Eduardo Ferreira Dias de Souza disse...

Hanna descobriu o pior que um homem pode ser! Aquele que para conquistá-la foi gentio, amável, encantador! Mas ao ter a atenção dela, ao passar chamá-la "minha namorada", tornou-se como muitos que acreditam ser donos da pessoa que julga amar! E como proprietário que se sente, passa, em certos momentos, agir como se estivesse diante de um computador travado ou uma televisão com problemas na imagem! Pois é ainda tem "machos" por aí que acreditam que computador, tv e mulher se concerta a tapas! Infelizes e desgraçados! Só peço a Deus que, as mulheres possa aprender o seu valor e não permitirem serem dominadas por seres como esses! Parabéns Lidiana pelo post! Hanna espero que possas encontrar um homem de verdade que a faça gemer apenas entre quatro paredes e de prazer! Espero que encontres alguém que faça você feliz! Espero e acredito que isso acontecerá!