domingo, 18 de setembro de 2011

5 minutos

"Não se pode medir a crueldade das pessoas, nem mesmo a falta de inteligência delas". Hanna escreveu essa frase no seu computador, mas não postou no blog. Aliás, estava com dúvidas se deixava o post Indignação sobre o sexo oral ou deletava-o. Achou melhor deixar, afinal, já era do conhecimento de todos que ela havia criado um blog para falar de sexo, mas aquele era seu desabafo sobre algo que aconteceu e que trouxeram-lhe um misto de sentimentos: revolta, dor, ódio, autoaversão.
Falar e escrever contos, fantasias, era sinal de que ela estaria sempre disposta o tempo todo? Talvez para mentes limitadas sim, essa era a lógica. Mas não para Hanna, porque antes de qualquer diagnóstico, ela era mulher, e tinha carências, força, como qualquer outra. Queria estar com alguém que a fizesse se sentir bonita, que a carregasse no colo, que lhe desse o beijo que ela viu no filme...
Hanna não perdeu o romantismo, e hoje ele estava ainda mais latente. Ah! Como precisava de um afago! Um simples afago! Mas tinha ódio dentro de si, e era esse paradoxo que tornava Hanna tão incompreendida.
Pensou por quanto tempo teria ficado com o membro daquele homem na boca. 2 minutos? 3? Achava que tinha sido 5 minutos. 5 minutos foi o suficiente para que Hanna voltasse a se depreciar, e se automutilar. Foi só isso, 5 minutos.
Sua decisão estava tomada. Deixaria o post para mostrar sua indignação, mas sobretudo para que talvez alguém lesse e refletisse.
"Será que as mulheres para serem valorizadas terão de se anular e tornarem-se frígidas? O âmbito sexual é algo pertencente somente ao macho? Estão nos tratando como bonecas infláveis e estamos permitindo? É isso? Pois prefiro adotar a castidade do que submeter-me a este tipo de comportamento pré-histórico. Não estou pedindo para que ninguém se case comigo, estou reivindicando um direito meu de ser tratada como ser humano. Estou reivindicando meu direito de ter prazer, e isso não faz de mim uma promíscua. Ora! Se eu fosse promíscua, não estaria tão revoltada como estou, o raciocínio é simples. Pena que raciocínio é privilégio de poucos..."
É assim que ela termina de escrever, e é então tomada por um vazio incontrolável e insuportável. O cansaço se abateu sobre ela. Hanna se rende e cai na cama, exausta. Encolhe-se e finalmente consegue dormir.

Um comentário:

Unknown disse...

Esse assunto é polêmico e rende muita discussão! Infelizmente, a sociedade é machista, não adianta a gente querer dizer que não. A gente mesma, quando sai das nossas crises, sai fragilizada, e acaba enfrentando conflitos, então eu não sei até que ponto reivindicar liberdade sexual é algo legítimo e completamente liberto, que vem bem-resolvido, ou algo que é genuíno, mas que também assume traços de desespero, que pode nos colocar mais no "buraco" ainda. E veja bem, não estou condenando nem defendendo nenhuma conduta da Hanna nem de ninguém, apenas uma opinião pessoal. Jã transei em busca de carinho. Não com vários numa noite e tal, que eu era totalmente travada, antes, mas tipo, já transei com cara de balada, porque, no fundo, além da necessidade de transar, eu tinha a necessidade de buscar carinho em algum lugar. Pra mim, foi uma furada. Acho que a gente acaba pagando o preço, porque, geralmente, com perdão da expressão, "não vale a foda" (os caras são ruins de cama, e se acham os bambambans), não tem carinho nenhum depois, só querem pensar neles sem dar nada em troca pra gente, e, dependendo do tamanho da cidade, a mulher acaba muito malfalada...o quê, conforme a estrutura psíquica e tolerância à crítica, pode ser um abalo sísmico. Eu, apesar de achar que a mulher tem tanto tesão ou mais que o homem, tou preferindo sublimar esse lado da minha existência, pq resolvi ficar "no celibato" até achar alguém com quem eu transe e o sentimento seja recíproco. Se demorar demais... bom, vou ter de rever a minha estratégia! Fato é que eu estou aguentando mais de 2 meses sem, e, antes, nessa época, eu estaria subindo pelas paredes de falta, rs. O meu conselho é: canalize! Não encare como se anular, mas como evitar uma compulsão na tua vida! Sei lá.

Bjos!!!