domingo, 2 de outubro de 2011

Da luxúria ao desejo de amor sincero


Hanna era uma mulher dividida. Haviam duas: uma era formada pelos instintos mais primitivos e que estava se fazendo presença constante. Desejos quase incontroláveis faziam-na recorrer à sua válvula de escape: a escrita. Textos eróticos aplacavam momentaneamente a chama que ardia dentro de seu peito. Ela lia e relia os próprios contos e queria ser as personagens, queria vivenciar tudo aquilo: o sexo, a lascívia, devassidão.
Por outro lado, existia outra Hanna. Calma como um piano, que queria apenas sentir o vento nos cabelos, talvez ir para uma praia e ficar ali sentada na areia apreciando o mar. Esta Hanna sentia falta de amor, algo que ela ainda não tinha conhecido, e na sua imaginação tudo parecia muito singelo: mãos dadas, passeios nos parques, flores nos cabelos e o sexo como ato sagrado, não profano, e sim o momento da consolidação de um sentimento puro e simples.
"Minha doença é falta de amor. Nunca me senti amada, por isso acho que não mereço nada." Foi essa a frase que escreveu no seu computador, e esta tinha sido a conclusão que tinha chegado depois de tanto se debater consigo mesma.
Andava nas ruas e olhava os casais. Se perguntava o tempo todo "por que não comigo? Será que sou tão monstruosa assim?". Dentro do seu pequeno universo, Hanna criava teorias sobre essas pequenas rejeições:
"As pessoas talvez não gostem da espontaneidade. Isso deve assustar, mas eu não me considero tão assustadora assim, muito pelo contrário. Sou bastante tímida, apenas quando estou envolvida com alguém, eu falo e faço! Que mal há nisso? Não consigo entender. É assim que as coisas funcionam então? As pessoas camuflam seus sentimentos, suas vontades tudo isso em nome de um orgulho? E ainda conheci algumas que se diziam francas! Isso para mim é usar máscaras, e será que terei que colocar uma também para que as coisas fluam? Me chamam de estranha, afoita, desesperada, e eu pensava que estava apenas sendo sincera com os outros mas sobretudo comigo mesma..."
Hanna pensava, sentia, amava, queria com uma intensidade tão grande, que as vezes ela mesma se perdia diante de sentimentos que para ela eram muito fortes. Mas, ela não sabia ser de outro jeito. E hoje ela desejava profundamente sentir o amor, aquele desmedido, incontido, desregrado! O amor que ela via nos filmes, e que dentro de si, sabia que existia, tinha certeza!
Hoje, Hanna era apenas uma menina romântica.

3 comentários:

Unknown disse...

Que lindo! Não tem nada a ver com ser sincera ou não, com ser intensa ou não, com ser afoita ou não. Não é por tuas atitudes na cama ou fora dela, e sim porque as pessoas não querem se doar para ninguém, hoje em dia. Quando um namorado percebe que a namorada tem momentos de infelicidade, ele pula fora. A gente vive numa era em que a felicidade é obrigatória. Seja nos namoros, seja nas amizades, não há lugar para a tristeza, a melancolia. Nós somos mais melancólicos, e demonstramos isso mais rápida e facilmente que os demais. Por isso, decerto, espantamos os outros tão fácil e não temos ninguém, acreditando sermos indignas do amor. Só que ninguém é obrigado a nada, muito menos a ser feliz. Melhor ficar só, do que encontrar alguém que só está disposto a estar conosco enquanto estiver tudo bem. É nas adversidades que se conhecem os verdadeiros amigos e amores! Fico feliz com esse grande passo que deteste, enxergando o que realmente precisas na tua vida: ROMANCE, AMOR, PROTEÇÃO. No fundo, tu és frágil! É muito importante te permitir baixar a guarda e saber que a tua doença é falta de amor, e não excesso de necessidade de sexo casual. Muito orgulho de ti!!!!! Te adoro! * Assista Gun's! #BALZACA, rs =)

G disse...

Gostei do seu texto. Forte, expressivo, revela essa dualidade conflitante que você vivencia. Espero que você encontre a paz e o equilíbrio que deseja no amor. E tenha certeza, uma hora ele virá! Amei seu blog e já estou te seguindo. Beijos.

Srta Solidão disse...

Tem dias q me sinto dessa forma, o sexo somente naõ me satisfaz, preciso de companhia, atenção, amor... mas são coisas difíceis de se encontrar... =/