sábado, 8 de outubro de 2011

Ela não passara de uma criança


Era sábado e Hanna tinha acordado muito bem disposta! Levantou mais cedo, foi até o supermercado e depois foi dar uma volta no centro da cidade. Aquilo lhe fazia bem, andar, ver as pessoas, olhar as vitrines e depois voltar para casa cantoralando algumas músicas com as mãos cheias de sacolas.
Chegando em casa, ela guarda suas compras e diz para si mesma; "hoje não vou fazer nada. Vou ficar tranquila, e talvez mais tarde eu ligue para a Gabriela."
Gabriela era sua melhor amiga. Estava ajudando Hanna a se recuperar na faculdade, e as vezes ela ia para sua casa quando sentia falta dos pais. Gostava daquele clima familiar, a comida de mãe, o carinho que todos tinham com ela. Nesses momentos, Hanna se sentia em casa totalmente protegida por seus pais e era como se nada de mal pudesse acontecer.
Seus planos já estavam traçados para aquele dia: iria almoçar, descansar, e depois ligar para Gabriela. Talvez ligasse para Lucy, afinal, não tinha tido mais notícias desde que saiu de seu apartamento. Acreditava até que Lucy estava magoada com sua decisão, mas Hanna não podia fazer nada, sentia-se cansada daquela vida desregrada. "Bem, se ela esta chateada comigo, não posso fazer nada, fiz o que achei que fosse o melhor para mim". - Era o que pensava.
Hanna preparou um almoço simples e rápido, lavou a louça e deitou-se em sua cama. Quando estava quase adormecendo, foi surpreendia com o barulho do celular, procurou o aparelho ainda sonolenta até encontrá-lo. Viu bem a chamada e estava escrito: "Ricardo". Se surpreendeu! Ricardo foi um dos primeiros homens que ela conheceu naquela cidade, e já fazia muito tempo que não se falavam. Atendeu com a voz lânguida:
_Alo? Ricardo! Tudo bem?
_Oi Hanna! Estou atrapalhando?
_Não, pode falar.
_Tem muito tempo que não nos falamos, não é?
_Dois anos para ser mais exata. Depois você começou a namorar.
_Pois é. Nossa que saudade daquele tempo! Eu gostava de você, sabia?
_Gostava? Então por que não namorou comigo?
_Ah eu era muito bobo Hanna.
_Sei. Mas você ligou pra que mesmo? Tá precisando de alguma coisa?
_Liguei pra gente conversar, pensei em te chamar pra sair hoje.
Hanna ficou emocionada. Já fazia muito tempo que alguém não a convidava para sair, e ficou empolgada com a ideia. Sem titubear perguntou:
_E onde você quer me levar?
_Bem, terminei meu namoro há pouco tempo, pensei que poderíamos ir para um lugar mais reservado, entende?
_Sim, claro! Conheço uns barzinhos tranquilos, se você quiser podemos ir em algum.
_Você ficaria brava se eu te convidasse pra ir a um motel?
Ela sentiu seu coração ser invadido por uma raiva descomunal, as mãos ficaram trêmulas, o vômito ficou preso na garganta. Apenas se limitou em dizer:
_Ficaria sim.
_Mas por que? Era tão bom quando a gente se encontrava, você gostava.
_Mas agora eu não gosto. Se quer conversar comigo, tudo bem, mas não vou para um motel com você.
_A gente não precisa fazer nada Hanna, só conversar.
_Quer mesmo que eu acredite nisso? Que você vai me levar em um motel e não vai tentar nada? Olha, posso ser destrambelhada, mas burra eu não sou!
_Somos maduros não somos? Somos responsáveis pelo que fazemos.
_Eu não sei como alguns de vocês conseguem ser tão nojentos. Vá se foder!
E Hanna desliga o telefone. Novamente se sentiu vulnerável, e era como se tivessem tirado seu sossego, sua paz. Ela se agachou no chão e começou a chorar copiosamente, vários pensamentos depreciativos passavam na sua cabeça, um deles é que ela merecia aquele tratamento e agora não adiantava acreditar e querer uma vida diferente. Uma vida com flores, passeios em parques, risos, olhos nos olhos, Hanna se sentia indigna de ter tudo isso.
Com dificuldade ela se levanta, vai até o computador e escreve:
"Quis brincar de ser mulher, mas no fundo sou uma menina assustada. E agora só queria o colo da minha mãe me ninando, o abraço do meu pai, me sinto desprotegida. Por que fazem isso? Por que? Não sei lidar com essas situações, por isso sou uma criança que sonha com o príncipe encantado! Boba sentimentalóide!"
E continuava chorando. Tomou alguns calmantes e adormeceu pensando nessa estranha contradição que formava sua personalidade: de um lado, uma mulher sem medo de dizer, fazer e escrever o que pensa, e do outro, uma menina que só queria um afago. Hanna tentou afastar essa criança, mas vez ou outra ela ressurgia pedindo, implorando para que seus sonhos, a pureza dos seus sentimentos não fossem mortos, e que esquecesse o salto alto, a maquiagem e fosse simplesmente: Hanna.

2 comentários:

Unknown disse...

FILHO DE UMA GRANDISSÍSSIMA PUTA!! E saiba que esse gesto desse baita desse RÍDICULO, ESCROTO, ANIMAL não teve NADA A VER CONTIGO, por isso não te culpe. Não é falta de merecimento de amor da tua parte, nem um sinal de que o amor não seja para ti. ELE É UM VERME, só isso. ELE não evoluiu. E assim é a maioria dos homens! Você poderia ter dito sim, por simples carência no aspecto carnal, e ter dado munição para ele objetificar não só tu, mas tantas outras mulheres por aí, MAS TU DISSESTE NÃO! EU TO MUITO ORGULHOSA!!!!! ELE QUE NÃO PRESTA E NÃO TE MERECE! Não deixa ele te fazer prensar o contrário, por favor!

G disse...

Sabe, somos todas mulheres e crianças, e não deixe esse escroto, ridículo e animal, como disse a Verônika, te fazer sentir mal. Ele é quem deveria se sentir mal. Você teve uma atitude corretíssima para voce! Você quer amor, não apenas sexo, e vai ter esse amor, pode ter certeza!!!!